terça-feira, agosto 12, 2008

TRENCH TOWN ROCK

"Não é preciso ser religioso para perceber que sem as religiões a vida seria infinitamente mais pobre e miserável para os pobres e miseráveis e, também, que os povos têm as religiões que lhes fazem falta. Eu abominei os pitorescos sincretismos teológicos dos rastas, suas comunhões maconheiras, as horrendas receitas de suas dietas e de suas tranças inextricáveis quando descobri que um filho meu e um grupo de seus amigos da escola se haviam convertido em catecúmenos de semelhante fé. Mas o que neles era sem dúvida uma moda passageira, versátil voluptuosidade de jovens privilegiados, nos lutuosos becos de Trench Town, ou na pobreza e abandono das aldeias da paróquia de St. Ann, me pareceu uma comovente aposta pela vida do espírito contra a desintegração moral e a injustiça humana. Peço perdão aos rastas pelo que pensei e deles escrevi e, junto a minha admiração por sua música, proclamo meu respeito pelas idéias e crenças de Bob Marley." (Vargas Llosa, Mario, Ocho Ríos, Jamaica, janeiro de 1995 - extraído do Texto "Trench Town Rock", publicado no livro "Linguagem da Paixão", editora ARX, 2007).

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