sábado, agosto 30, 2008

Compromissos

Todas as coisas que tenho para fazer
levam meu tempo embora.

Nos dias em que acordo
pensando nelas.
Nas coisas que deixo de fazer
preocupado com elas.

Essas coisas
que guiam meus atos,
refúgios de meus sumiços;
escravo desses compromissos

São essas coisas que definem
os lugares pelos quais vou,
as pessoas a quem procuro
e com as quais me relaciono.

Por isso gosto tanto de acordar
no mais pleno silêncio.
De eleger minhas prioridades
e traçar meus próprios caminhos.

ANOITECENDO...

Faz muito frio. A claridade já se foi; agora só resta um mínimo de luminosidade, siluetas por todos os lado. O céu ainda está azul, mas agora num tom bem mais forte, quase escuro. O canto dos pássaros é completamente diverso, imperativo, como toque de recolher. E do lado de lá, aonde o sol se pôs, há uma linha que mescla branco com um tom de vermelho desbotado; ali ainda se pode identificar, rarefeito, o verde das árvores. Enquanto escrevo, o frio e a escuridão avançam de forma implacável...

PÉ DE INGÁ

O Pé de Ingá
que a pouco não passava de muda,
agora é refúgio de pássaros,
faz sombra para o calor.

Fico sentado,
debaixo de incontáveis galhos,
a observar as longas raízes
cortando a terra.

E entre tantos pensamentos,
sobrevivendo às intempéries,
o Pé de Ingá é um símbolo
do tempo bem transcorrido.

quarta-feira, agosto 27, 2008

JORNAL DO ALMOÇO

É muito pobre, do ponto de vista jornalístico, a pauta do programa Jornal do Almoço. Há alguns anos não assistia. Ligo a TV, e lá está uma reportagem sobre os estacionamentos da Expointer. Todo ano a mesma pauta! E, na sequência, um comentário do Lasier metendo pau em tudo e todos, na BR116. Fecha o "brilhante" comentário com a afirmação: "mas esse ano a feira será melhor!". Putz!

domingo, agosto 24, 2008

EL BAÑO DEL PAPA

Fui ao cinema assistir "El Baño del Papa". Longa uruguaio de Cesar Charlone, muito comentado, depois de vencer o prêmio de melhor filme estrangeiro de Gramado em 2007. Meu interesse pelo filme era particular, porque o mesmo se passa em Melo, cidade da República Oriental que faz fronteira com Aceguá e Jaguarão, na qual estive por duas oportunidades para jogar basquete. Pois é, minha curiosidade pelo filme tinha este cunho de rever um pouco das ruas e recordar as pessoas e hábitos de Melo.

O roteiro é baseado na visita que o Papa João Paulo II realizou à América do Sul em 1988 e na espectativa criado na população pobre que vive nesta região da fronteira, iludida pela possibilidade de fazer dinheiro com tal evento, através da venda de comida, souvenirs e de qualquer bugiganga. O personagem central, Beto (Cesar Trancoso - em ótima performance), é um dos tantos habitantes de Melo que vivem de realizar viagens até Aceguá para comprar produtos e repassá-los aos comerciantes locais; cheio de idéias e com muita vontade de ganhar dinheiro e mudar a vida misérável de sua esposa e filha, ele resolve construir um banheiro para os visitantes do Papa. A trama se desenvolve entre os insucessos do protagonista e as dificuldades e agruras da vida miserável e sem perspectivas do povo de Melo.

No geral, o filme espelha muito bem a realidade; de fato, se há muita pobreza e falta de recursos na região, em contrapartida a solidariedade do povo é fantástica e algo que pude constatar numa dessas vezes em que lá estive. E essa é a mensagem que o filme pretende transmitir. Diante do atual momento no qual o individualismo é a tônica e os valores capitalistas cada vez mais se exacerbam no ser humano, o diretor consegue transmitir uma visão diferente, aonde os sonhos ganham espaço e a amizade está acima de tudo.


ESTOU SEM ADJETIVOS

Acabo de assistir ao melhor jogo de basquete de minha vida. Não tenho adjetivos para definir a disputa pela medalha de ouro nas Olimpíadas 2008 entre Espanha e Estados Unidos. Comecei a assistir ao jogo imaginando um triunfo relativamente fácil dos norte-americanos, chefiados pelos astros Kobe Bryant e Lebron James. Mas os espanhóis foram, durante toda a partida, me iludindo e me fazendo acreditar que era possível sim derrubar o supertime. Fiquei espantado com o nível técnico e, especialmente, de preparação física dos atletas. É impressionante a força muscular de cada um dos 24 atletas que lá estavam, numa verdadeira batalha de gigantes. Além dos irmãos Gasol, do ala Jimenez e do armador Rudy Fernandes (que partida!), os espanhóis possuem um diamante: o jovem Rick Rubio, com 17 anos, demonstrou técnica e um nível psicológico impressionantes para sua idade, além do atrevimento e coragem típicos de jogadores extra classe. Foi um jogaço, uma aula de basquete imprescindível para aqueles que militam na modalidade.

sexta-feira, agosto 22, 2008

quarta-feira, agosto 20, 2008

EL VIAJE HACIA EL MAR

Ontem tive a oportunidade de rever "El Viaje Hacia el Mar", um de meus filmes favoritos. O road movie uruguaio, escrito e dirigido por Guillermo Casanova, situado na década de 60, conta a história de 5 amigos de uma tediosa localidade no interior (Minas) que, numa manhã, se encontram, como de costume, num bar e resolvem embarcar numa velha caminhonete para realizar o sonho de ver o mar. Ao longo do caminho, a estória vai desvendando a personalidade, sentimentos e diferentes visões de mundo dos personagens, inspirados pela beleza das paisagens. Gosto, especialmente, do negativismo-cômico do personagem Quintana e das rusgas permanentes protagonizadas por Vasco, sem contar a "rabugice" permanente do piloto Rodrigues. A cena da capa (ao lado) é a mais bela do filme e o plano sequência um dos mais engraçados, com a visão de cada personagem a respeito do mar. Baita d´um filme. Vale a pena conferir e ver de novo, sempre.

LITERATURA TRASH

Apresento um texto que tive oportunidade de ler há cerca de 8 anos no site NAO-TIL (que voltou à ativa e cuja leitura recomendo). O autor do obra "Calcinha Azul Brilhante" assumiu o codinome de "El Comanchero". Para quem gosta de literatura trash é um deleite.

CALCINHA AZUL BRILHANTE

"Nas agruras da vida suburbana encontrei um porquê para minha existência. A calcinha da minha vizinha no varal. Ela não sabia. Mas todo dia quando ela saía para o trabalho e deixava as roupas no varal nos fundos de sua casa de madeira, eu, um desempregado, um inútil, um vagabundo, ficava ali, a observar sua calcinha. Um dia era branquinha, alvinha, límpida. No outro dia tinha desenhos com florzinhas e isso me deixava excitado. Um dia ela pendurou uma calcinha azul brilhante. Isso me deixou realmente puto. Calcinha azul. Brilhante. Saí de casa louco da vida e fui no boteco do Tadeu tomar uma canha.

- E aí, Tadeu, vê aquela!

Pago meus cinqüenta centavos e tomo num gole. Como era triste gastar o dinheiro da aposentadoria do meu pai, que ainda trabalhava de servente de obra na capital, em cachaça. Mas, fazer o quê? Era meu destino. Tomei mais dois tragos enquanto ganhei uma partida de pife de um velho que passava o dia inteiro ali perdendo partidas de pife. Pelo menos ele não perdia o tempo dele no bingo. Agora tomei bastante coragem. Voltei para casa, liguei a tevê. Estava passando Angelmix. Fiquei de pau duro e bati uma bronha quando apareceu a Sandi cantando, se bem que o Júnior já dava pra quebrar o galho. Na punheta. Fumei um só pra aliviar a pressão alta do corpo com o álcool da cachaça e fui pros fundos da casa. Minha mãe tinha ido visitar minha tia doente no Pronto Socorro. Ela estava na fila de espera do SUS. Bem feito! Quem manda a gente ser pobre e ainda ter doença de rico. Câncer. Que burrice! Encarei bem a calcinha azul brilhante. Como deveria ficar a vizinha, aquela mulatinha de perna fina, cabelo crespo comprido, bundinha arrebitada e peitinhos pequenos e duros. Ah! Eu já tô ficando louco. Tiro minha camisa, meus tênis All Stars roubados, minhas calças da Gang que ganhei na campanha da fraternidade e minhas cuecas rasgadas no rego de tanto lavar com clorofila no tanque. Agora era a hora. Tomei fôlego. Corri como um louco, pulei o muro e invadi o terreno da vizinha. Peguei a calcinha. Azul brilhante. E pulei outro muro. E outro muro. Me escondi em um terreno baldio onde os trafi da área de vez em quando desovavam mercadorias perigosas e cheirei aquela calcinha. Cheirei. Tinha o cheiro doce, cru, mal lavada que estava, cheirinho de buceta lavada. Cheirinho do inferno e do paraíso.

Agora não tem mais volta. Ninguém mais pode me salvar."

segunda-feira, agosto 18, 2008

TERRA DE GIGANTES

A Olimpíada de Pequim é, disparada, a de melhor nível técnico dos últimos anos. Os resultados estão demonstrando que, de fato, os melhores e mais bem preparados atletas, de todos os tempos, estão em solo chinês. Em praticamente todas as modalidades em que o homem luta contra seus limites, recordes mundiais estão sendo devastados.
Foi o caso, por exemplo, da natação, em que 85% das medalhas de ouro vieram com quebra de recorde. Michael Phelps não ganhou 8 medalhas de ouro apenas por talento. É visível sua preparação física e psicológica para tal façanha. Usain Bolt, o jamaicano voador, bateu sua própria marca nos 100 metros rasos, cravando o até pouco tempo inimaginável tempo de 9´68". E isso que sua imagem dava a impressão de que estava passeando pela raia. Deve repetir a façanha, com facilidade ainda maior, nos 200m, sua especialidade. No salto com vara, a russa Isinbayeva alcançou, hoje, a marca de 5,05 metros; e a cada centímetro vai engordando sua já volumosa conta bancária.
Mas nenhum exemplo de determinação é maior do que o dos anfitriões. Os chineses estão demonstrando ao mundo que sabem, e muito, como criar campeões. E não só pela liderança, disparada, no quadro de medalhas. Mas, sobretudo, pela massiça presença de atletas chineses, muito bem preparados, em todas as modalidades. Eles estão em pódios em esportes nos quais nunca haviam figurado, como é o caso da maratona, das provas de atletismo, na natação. Até no basquete, aonde sempre foram conhecidos como anões, agora os chineses possuem o pivô mais alto, o craque Yao Min, com 2,28m de altura. A China, não se pode negar, é uma verdadeira fábrica de campeões.
A nós, em termos de esportes individuais, resta a solitária consagração de César Cielo. Foi ele o único a demonstrar preparação suficiente, com seu quase isolamento do mundo durante três anos, numa pequena cidade dos Estados Unidos, aonde a única coisa que tinha para fazer era treinar. E foi ele também o único a aliar preparação com espírito de campeão (ao contrário da turma fiasquenta da ginástica).

quinta-feira, agosto 14, 2008

MESTRE CARTOLA


FIM DA ESTRADA

"Infelizmente
Não iremos ao fim da estrada
Eu bem sei que estás cansada
E eu também cansei
Só peço que respeites
O nome que te dei
E pelo amor de Deus
Não negues que te amei
Já me convenço
Bem melhor não ter partido
Veja agora o resultado
Nós somos dois perdidos
Faz o que te digo, amor
Vá, voltes daqui
Eu quero te ver contente
Te ver alegre
Sempre a sorrir" CARTOLA
Para ouvir a música clica aqui
 

O MUNDO É UM MOINHO




"Ainda é cedo amor
Mal começastes a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar
Preste atenção querida
Embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és

Ouça-me bem amor

Preste atenção o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
Vai reduzir as ilusões à pó
Preste atenção querida
De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo
Abismo que cavaste com os teus pés" (CARTOLA)

quarta-feira, agosto 13, 2008

ENQUANTO ISSO, EM PEQUIM...

A delegação do Brasil segue demonstrando que, no esporte, o furo é mais embaixo. Quando é o momento, quando é decisão, quando é a bola do jogo, quando é o golpe da vez, o furo é mais embaixo. Tiago Camilo foi bronze, sim, nada contra, mas se trata do melhor judoca do mundo, em todas as categorias, de um cara que tem todos os atributos de um grande lutador. O cara é veloz, é técnico, é paciente, conhece os quatro cantos do tatame, mas quando se trata da competição mais importante de todas, do ápice, falta o algo mais; é aí que surge a diferença entre os grandes e os gigantes, entre aqueles que são os melhores e aqueles que são mitos.

O basquete feminino nem merece comentários; perdemos de 1 ponto para Letônia (e é difícil perder um jogo de basquete por 1 mísero ponto)... Mas quem perde por um ponto é porque perdeu para si mesmo; é porque não decidiu o jogo antes, é porque não teve condições de matar o adversário e o deixou criar asas. Já perdi jogos por 1 mísero ponto e sei bem o sofrimento que tal derrota causa, ainda mais em meio à competição. Os próximos jogos serão ainda mais terríveis, com a sombra daquele mísero ponto.

Na ginástica tínhamos vários nomes cotados para medalha. Todos virarão pó em Pequim.

Vamos ganhar uma ou outra medalha, aqui e acolá, na vela, mais alguma no judô, a natação, com o perdão da frase feita, vai afundar; a natação vai afundar, isso é mais certo do que dois mais dois são quatro.

O Brasil não sabe fazer esporte. O Brasil não sabe apoiar o esporte. O Brasil não sabe formar atletas. O Brasil jamais se tornará uma potência esportiva, porque o Brasil não sabe que para se tornar uma potência esportiva é preciso ter auto estima, é preciso entrar nas canchas com a cabeça erguida, para perder ou para ganhar, mas sempre de cabeça erguida, como os grandes campeões.

terça-feira, agosto 12, 2008

TRENCH TOWN ROCK

"Não é preciso ser religioso para perceber que sem as religiões a vida seria infinitamente mais pobre e miserável para os pobres e miseráveis e, também, que os povos têm as religiões que lhes fazem falta. Eu abominei os pitorescos sincretismos teológicos dos rastas, suas comunhões maconheiras, as horrendas receitas de suas dietas e de suas tranças inextricáveis quando descobri que um filho meu e um grupo de seus amigos da escola se haviam convertido em catecúmenos de semelhante fé. Mas o que neles era sem dúvida uma moda passageira, versátil voluptuosidade de jovens privilegiados, nos lutuosos becos de Trench Town, ou na pobreza e abandono das aldeias da paróquia de St. Ann, me pareceu uma comovente aposta pela vida do espírito contra a desintegração moral e a injustiça humana. Peço perdão aos rastas pelo que pensei e deles escrevi e, junto a minha admiração por sua música, proclamo meu respeito pelas idéias e crenças de Bob Marley." (Vargas Llosa, Mario, Ocho Ríos, Jamaica, janeiro de 1995 - extraído do Texto "Trench Town Rock", publicado no livro "Linguagem da Paixão", editora ARX, 2007).

segunda-feira, agosto 11, 2008

ADVOGADO

"O maior advogado do Brasil, Heráclito Fontoura Sobral Pinto, viveu e morreu franciscanamente. Defensor da democracia, dos direitos humanos e dos humildes, declinou do convite para envergar a toga de ministro do Supremo Tribunal Federal para permanecer advogado com muito de ofício e mais de coração.
Mineiro de Barbacena, aos 13 anos de idade, tomou a defesa, como única testemunha, de um humilde carroceiro arrastado pelas ruas por policiais. Líder católico, defendeu em 1937 os comunistas Luís Carlos Prestes e Harry Berger perante o Tribunal de Segurança Nacional. Nessa ocasião, tamanha era a sanha do arbítrio, que Sobral Pinto não hesitou, em célebre petição de habeas corpus, em fundamentar suas razões com base no artigo 14 da Lei de Proteção aos Animais para tentar livrar Harry Berger da tortura que acabaria levando o preso político a doença mental irreversível. Em 1942, enfrentou o poderoso Tribunal de Segurança Nacional como o advogado do quitandeiro que abastecia a residência do presidente daquela corte.
Em 9 de abril de 1964, escreveu ao marechal Humberto de Alencar Castelo Branco: 'Não sou senador nem deputado, mas sou brasileiro. Sinto-me no dever de comunicar a V. Exa, futuro presidente da República, os sentimentos que tumultuam, indignados, no meu coração de patriota desinteressado, que se sente na obrigação de lhe dizer, nesta hora gravíssima que está vivendo nossa Pátria, que os argumentos ora invocados para combater o comunismo foram os mesmos que Mussolini invocou na Itália em 1922 e que Hitler invocou em 1934 na Alemanha'. Em outra correspondência a Castelo Branco, por ocasião da cassação do mandato do governador de Goiás, Mauro Borges, o Advogado do Brasil escreveu: 'Sou uma voz isolada neste oceano imenso que é a população de milhões de brasileiros. Não tenho atrás de mim, senhor presidente, qualquer milícia, armada ou não. Vivo da advocacia, pela advocacia e para a advocacia, por entre dificuldades financeiras que só Deus conhece. Só tenho uma arma, senhor presidente: a minha palavra franca, leal e indomável'.
Em 1984, durante a campanha das Diretas Já, foi ao palanque no gigantesco comício da Candelária, no Rio de Janeiro, para lembrar o cânone constitucional: 'Todo o poder emana do povo e em seu nome será exercido'. Faleceu aos 98 anos, em 1991. Neste Dia do Advogado, saudamos os que fazem do exemplo de Sobral Pinto o evangelho da profissão." (escrito por Edison Moiano e publicado no CORREIO DO POVO nesta data)

sexta-feira, agosto 08, 2008

TININDO TRINCANDO

Eu vou assim
E venho assim
Eu vou assim
E venho assim

Porque quem invade não
não chega não
chega não porque pera aí
sou mesmo assim
sou mesmo assim
sou mesmo assim
assim

Um dia assim
Um dia assado
Um dia assim
No duro tinindo tinindo trincado NOVOS BAIANOS

quinta-feira, agosto 07, 2008

MISTERIO DO PLANETA

Vou mostrando como sou e vou sendo como posso. Jogando meu corpo no mundo, andando por todos os cantos.

E pela lei natural dos encontros, eu deixo e recebo um tanto. E passo aos olhos nus ou vestidos de lunetas.

Passado, presente, participo sendo o mistério do planeta.

O tríplice mistério do "stop", que eu passo por e sendo ele no que fica em cada um.

No que sigo o meu caminho e no ar que fez e assistiu. Abra um parênteses, não esqueça que independente disso eu não passo de um malandro. De um moleque do Brasil, que peço e dou esmolas.

Mas ando e penso sempre com mais de um, por isso ninguém vê minha sacola. (Galvão - Novos Baianos)

CAIA NA ESTRADA

"Caia na estrada e perigas ver
Estamos nos últimos dias de outrora
Caminho em linhas tortas divertidamente
Caia na estrada e perigas ver
A mulher que andou na linha o trem matou
E seu Oscar largou a mulher e foi morar defronte

O pai achou 1/2
A mãe rezou 1/3
E eu vou levar ela p´ro 1/4
Adão não se vestiu, porque Adão não tinha sogro
Meus pára-choques para você
Deus dá o frio e o freio conforme a lona
Meus pára-choque pra você
Caia na estrada e perigas ver
Ser como o poeta do tabaris que é mais alegre
que feliz
E o mundo é oval e a vida é uma ..."
(Pepeu, Galvão e Paulinho Boca de Cantor - Novos Baianos)

sábado, agosto 02, 2008

FORÇAS

Saí de casa, uma dupla de éguas pastava ali em frente. Fortes, muito fortes. Olhei para o lado: a vovozinha, que não via há algum tempo, caminhava, amparada por uma dama de companhia, a passos lentos e arrastados. É nessas horas que se percebe o transcurso do tempo, pensei. Fiquei ali inerte por alguns minutos, a observar. As éguas saíram, robustas e fortes, para um lado; cada passo fazia o chão tremer. A vovózinha e sua companheira foram para o outro. Os passos lentos se multiplicavam, num arrastar compassado de pés – que realmente não tinham sequer força para sair do chão; não mais do que cinqüenta metros, até a esquina, num esforço quase sobre-humano. No retorno, a perna esquerda já não conseguia esticar por completo e, entre paradas para descanso, observei que ela me olhava sorrindo. Virei o rosto e as éguas desapareciam, longe, no horizonte.

sexta-feira, agosto 01, 2008

CANOS SILENCIOSOS

"Onda na madrugada,
silêncio na batida.
Tá todo mundo se aplicando p´ra festa,
P´ra chegar na festa bem aplicadinho.

Movimento na esquina,
todo mundo entra,
todo mundo sai;
sexo, drops, rock'n roll, adrenalina;
diversões eletrônicas num poderoso hi-fi

E a noite tá no sangue de hoje
Deixa a noite rolar
Oh! E a noite tá no sangue de hoje
Deixa a noite rolar

Sujo...
Canos silenciosos,
nervosa calmaria
Quando todo mundo pensava que ia se divertir pra caralho
É bem aí, é bem aí que o pânico todo se inicia

Correria na esquina
Ninguém mais entra,
ninguém mais sai
Homens, fardas, cassetetes, camburões
Abusando da lei com suas poderosas credenciais" (Lobão)