sexta-feira, fevereiro 22, 2008

POBRE PAULISTA

Hoje acordei cedo; liguei a televisão no Bom Dia Brasil. E as imagens e narrativas que vejo de São Paulo são das mais terríveis que já assisti. As chuvas, desta vez, castigaram por demais a paulicéia. Depois de uma noite de estiagem, o cenário de filme de terror permanece, as ruas estão cobertas de lama, carros e até mesmo caminhões virados do avesso por sobre as calçadas, muros desmoronados, cercas derrubadas. Caos total.

E o pior de tudo é saber que esse é um problema sem solução. Não há governo que consiga solucionar a questão dos alagamentos, porque ele é estrutural e decorrente do péssimo planejamento urbano de uma cidade que cresceu desorganizadamente para todos os lados. Há concreto demais. E aonde há concreto demais a água corre ou se acomoda em poças, porque somente a terra é capaz de absorvê-la. O problema de São Paulo e a falta de terra. Pobre paulista!

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

KOSOVO - PAÍS FANTASMA

A província autônoma do Kosovo autoproclamou sua independência da República Sérvia. Prontamente, as principais nações da Comunidade Européia reconheceram-na como um novo país. Alemanha, França e Inglaterra, as principais nações; os americanos também pronunciaram sua concordância. Espanha, Grécia e Chipre, todos países com semelhantes divergência étnicas internas, no outro extremo, não reconhecem o novo país.

E a questão não é tão singela e não depende apenas da "boa vontade dos povos". Primeiro porque a Organização das Nações Unidas tem um conjunto de regras que disciplinam a questão da proclamação de independência de um povo e da criação de novas nações. E, no caso de Kosovo, tais regras não foram cumpridas. De outra parte, as conhecidas divergências étnicas entre a população sérvia (católicos) e albanesa (muçulmanos), que já eclodiu, inclusive, na guerra civil no final dos anos 90, certamente, terá novos capítulos sangrentos.

A Rússia, com severos interesses econômicos na região, e forte intervenção política, também já manifestou a intenção de barrar, na ONU, o reconhecimento do novo país. O mesmo caminho deve seguir a China (preocupada com a possível repercussão do episódio em Taiwan e no Tibet). Ambas tem assento no Conselho permanente da Organização das Nações, com poder de veto para tais temas.

Enfim, muita água vai rolar nos balcãs até que o Kosovo deixe de ser um país fantasma.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

E AGORA CUBANOS ?

A renúncia de Fidel ao trono de Cuba, certamente, já é o fato mais marcante do ano de 2008. Depois de quase meio século no poder, Fidel se licencia, vencido pela idade e pela doença. Deixa o poder para seu irmão Raul, mas não creio que este terá a força e o carisma do "comandante" para se protelar na Presidência da Ilha. Os cubanos, agora, terão a oportunidade de mostra ao mundo se Fidel foi herói ou vilão.

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

BASTIDORES DOS VESTIÁRIOS

Há tempos estou para escrever a respeito do episódio entre Romário e E. Miranda, no Vasco da Gama, no qual o dirigente afirmou que interfere sim na escalação da equipe e técnico que quiser ter vida longa em São Januário terá de se submeter à suas idéias de futebol. Mas foi oportuno não tê-lo feito, porque, agora, o episódio envolvendo a demissão de V. Mancini do Portoalegrense traz nova vida ao tema. O ex-treinador da azenha declarou em sua saída que houve tentativa de intervenção do diretor de futebol P. Pelaipe, com a qual não poderia concordar, tendo acarretado sua resistência na demissão.

Bueno, acompanhei os episódios e as opiniões dos "doutos" comentaristas (99,9% contrárias à intervenção dos dirigentes). E, sinceramente, não posso concordar. Dirigente de futebol tem sim o dever de intervir na escalação do time. Afinal de contas, ele é o mandatário maior do torcedor; ele é eleito para comandar, da melhor forma, a agremiação; ele é eleito, num clube de futebol, porque, presume-se, conheça e entenda do riscado. O que não entra na minha cabeça é essa "permissividade" que o futebol brasileiro confere aos treinadores, especialmente os de renome, de alcançarem o vértice da pirâmide no organograma do clube. Com dirigentes despreparados e sem competência para assumirem a função, os técnicos adquiriram funções outras que não a de administrar o grupo, treiná-lo e escalá-lo da melhor maneira possível. Agora também contratam (ou criticam a ausência de contratações), fazem comentários sobre as finanças do clube e se imiscuem em assuntos administrativos, com a maior desenvoltura.

No caso Romário, E. Miranda exigiu a escalação de um jogador 'prata da casa', com ótimas condições de se transformar, em futuro breve, num ótimo negócio para o clube. No caso Mancini, a direção exigia que o time tivesse maior competitividade e poder de marcação, típicas características da agremiação no decorrer da história. Em ambos, tanto pela valorização do patrimônio como pela preservação das tradições, agiram de forma correta os dirigentes.

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

O HOMEM e O MAR

Chico Science

"DEIXA QUE OS FATOS SEJAM FATOS NATURALMENTE
SEM QUE SEJAM FORJADOS PARA ACONTECER
DEIXA QUE OS OLHOS VEJAM OS PEQUENOS DETALHES LENTAMENTE
DEIXA QUE AS COISAS QUE LHE CIRCUNDAM ESTAJAM SEMPRE INERTES
COMO MOVEIS INOFENSIVOS PARA LHE SERVIR QUANDO FOR PRECISO
E NUNCA LHE CAUSAR DANOS:

SEJAM ELES MORAIS, FISICOS OU PSICOLOGICOS" (Chico Science)

terça-feira, fevereiro 12, 2008

JOÃO SEM MEDO

Tive um final de semana sensacional; o tempo inteiro empunhando "Vida que segue - João Saldanha e as Copas de 1966 e 1970". Trata-se de obra organizada por Raul Millet, através da qual são eternizadas as crônicas escritas por João Saldanha à época das Taças do Mundo. O conteúdo das colunas não é só sensacional, mas, principalmente, de surpreendente atualidade. Mais de três décadas se transcorreram, mas as observações do mestre Saldanha permanecem quase que integralmente pertinentes, a revelar um homem muito além de sua época.

Alguns textos são provocativos, outros denunciam, vários ensinam, muitos redesenham no papel jogadas inesquecíveis; alguns fazem chorar, tamanha a emoção que carregam. Como disse Villas Boas Correa, sua narrativa era feita em linguagem despojada, com fantástica capacidade de escrever no mais puro coloquial. João Saldanha foi personagem marcante não só do desporto nacional; era jornalista como todos os jornalistas deveriam ser. Nas palavras de Carlos Vilarinho, "usou como poucos o canhão (o microfone). João era um homem público, um tribuno popular (amado e temido), embora frequentemente tolhido por um Estado policial. Assistente político dos guerrilheiros camponeses, hábil organizador dos operários. Dirigente partidário, disciplinado, mas que sabia pensar. Saldanha foi um homem de vanguarda (comunista, naturalmente). Isto explica o ódio que os democratas de fachada e os reacionários de carteirinha sempre lhe devotaram. Mas estes passarão. João Saldanha ficará.".

E, de fato, ficou. Tive a sorte de ainda pegar o João Saldanha nas mesas redondas da TV Manchete aos domingos de noite, de dedo em riste, enfrentando os dirigentes; muitas vezes o vi quase ir as vias de fato (uma vez, se não me engano, ele partiu para cima de um cartola). Nunca me esquecerei do ato corajoso do homem a beira da morte que enfrentou tudo e todos para morrer, em 1990, na Itália, de microfone na mão, comentando a Taça do Mundo (seu habitat natural). Como agradecimento às suas lições, vou compartilhar algumas crônicas com os amigos, iniciando por "Vitória da Arte", escrita após a vitória sobre a Itália e a conquista definitiva da Jules Rimet, que resume o João Saldanha diante da vida e do futebol.


VITÓRIA DA ARTE

publicada no jornal O GLOBO, em 22/06/1970

CIDADE DO MÉXICO - Antes de mais nada, quero dizer que a vitória extraordinária do Brasil foi a vitória do futebol. Do futebol que o Brasil joga, sem copiar de ninguém, fazendo da arte de seus jogadores a sua força maior e impondo ao mundo futebolístico o seu padrão, que não precisa seguir esquemas dos outros, pois tem sua personalidade, a sua filosofia e jamais deverá sair dela. Foi uma vitória do futebol. O futebol que nós gostamos de ver e aplaudir e que o mundo ontem teve que se curvar. Em segundo lugar vou fazer uma série de cobrantinas. Cobrantina de quem disse que o Brito não sabia nem amortecer a bola. Cobratina de quem disse que o Brasil não tinha ponta-direita, ou que o Jair não era ponta-direita nem no Botafogo. Hoje está aí o Jairzinho, consagrado com o melhor ponta-direita da Taça do Mundo. Cobrantina de quem disse que o Tostão e Pelé não podiam jogar juntos. E poderia ir por aí afora, fazendo uma série de cobrantinas, mas o dia é de alegria. É de vibração e confesso que estou emocionado. Esta equipe do Brasil, que marca 41 "goals" e sofre apenas 9 tentos na sua campanha no Mundial, contando com os jogos das eliminatórias, é uma seleção. É um timaço de futebol, que adquiriu consistência em suas linhas, sem que lhe roubasse o seu estilo, a sua característica, e aí uma das principais razões do sucesso. É justa a nossa vibração e a minha, em particular, é pela vitória da arte, que continua sendo, dentre as mais variadas concepções do futebol moderno, a verdadeira razão de se encherem os estádios e a identificação mais sólida e decisiva do futebol do Brasil." (João Saldanha)




segunda-feira, fevereiro 11, 2008

PIZZA

Todo mundo sabe como acaba uma CPI. Todas até agora terminaram em pizza, sem qualquer resultado concreto, sem bandido na jaula e sem a devolução dos dinheiros públicos surrupiados. Pois agora o Congresso resolveu inovar. A base governista e os congressistas de oposição fizeram acordo e a CPI da vez (dos cartões corporativos) já inicia repleta de restrições. Vergonha é pouco para definir.

Aliás, há longa data sustento que comissão parlamentar de inquérito se destina a outras finalidades; nossos congressistas não têm sequer idéia do "por que" de terem sido eleitos, de suas funções. Enquanto a cena teatral das CPIs se repete indefinidamente, com super-exposição na mídia, nosso Congresso continua não enfrentando as matérias fundamentais ao desenvolvimento do país (reformas política e tributária, por exemplo).


sábado, fevereiro 09, 2008

CHANCELA FIFA


Acabou definitivamente a polêmica. A FIFA já havia se pronunciado no sentido de reconhecer apenas QUATRO clubes (AC Milan, SC Internacional, São Paulo e Corinthians) como legítimos CAMPEÕES MUNDIAIS DE CLUBES. A quase unanimidade dos clubes, incluindo os multicampeões Boca Jrs., Real Madrid, River Plate, Internazionale de Milão e outros, reconhecem, com orgulho, sem seus sites que venceram a COPA INTERCONTINENTAL (a exceção é uma agremiação menos cotada com a qual temos a infelicidade de conviver aqui pelos pagos). Enfim, já havia um consenso mundial a respeito.

Pois agora não há mais o que debater. Não tem mais conversa para invejoso. A FIFA deciciu conceder aos CLUBES CAMPEÕES MUNDIAIS um distintivo especial alusivo à conquista. Basta clicar aqui para conferir a matéria no sítio da FIFA. Isso mesmo, nosso distintivo de CAMPEÃO MUNDIAL, em breve, estará chegando no BEIRA-RIO.

O resto é papo furado e choro de invejoso!


sexta-feira, fevereiro 08, 2008

LIXO

É estarrecedor o dado. Um mês depois do início do processo de limpeza no Arroio Dilúvio, foram retiradas mais de 66 toneladas de lixo, composto em sua maioria por embalagens e garrafas tipo 'pet'. Um passeio no final de tarde pelas praias revelará, também, a total falta de compromisso dos veranistas com o meio ambiente. Idem nos principais parques e praças públicas. E, para piorar, não se trata, com certeza, de um male restrito ao Rio Grande.
É certo que quanto mais consumista se torna nossa sociedade, maior a quantidade de lixo produzida. A falta de educação, entretanto, é o grande fator negativo.