terça-feira, julho 24, 2007

EXEMPLO I

Mais uma vez Cuba e Estados Unidos, de forma diametralmente oposta, como não poderia deixar de ser, nos dão exemplo de como fazer esporte. Os cubanos com a política social da massificação, que geração atrás de geração, forma novos atletas de alto rendimento e vai abocanhando mais e mais medalhas no quadro geral das principais competições mundiais.

E os Estados Unidos, grande potência mundial também no campo dos esportes, com o investimento fortíssimo nas categorias de base. Terminou agora a final do basquete feminino no Pan do Rio. E as americanas, com uma seleção de jogadoras universitárias, com média de 20 anos de idade, nos bateu, fundamentalmente, nos cinco minutos finais. A partida foi equilibrada, ponto a ponto, até este momento, em que prevaleceu não só a técnica das jovens americanas, como também o físico e o psicológico, muito bem trabalhados, por certo, neste trabalho de base das universidades americanas.

Quando vamos deixar de fazer esporte de ocasião (só valorizando os atletas depois que atingem grandes resultados ou conquistas) ? Quando teremos no Brasil pessoas (administradores públicos, dirigentes de confederações, reitores universitários, empresários) com uma visão um pouco mais aberta e com propósitos um pouco mais nobres ? Será que é tão difícil seguir os exemplos que estão aí escancarados ?

EXEMPLO II


Essa aí ao lado é um belo exemplo do que políticas sociais e investimento em categorias de base podem propiciar. A ala Micaela, formada no Projeto Social da Mangueira, no Rio de Janeiro, é o grande nome do basquete feminino no Brasil hoje (junto com a base Adrianinha). Enquanto a imprensa badalava Janeth (que nunca foi mais do que uma boa coadjuvante para Paula e Hortência - tanto que jamais impulsionou a seleção a uma conquista, quando se transformou no grande nome do time); pois enquanto a grande imprensa badalava a despedida de Janeth, Micaela, vindo do banco de reservas, realizava grandes lances e atuava de forma perfeita do ponto de vista tático. Exímia marcadora e com uma roubada de bola eficaz, Micaela alia velocidade com precisão, qualidades fundamentais no basquete.

Matee Ajavon


Esse é o maior nome do basquete feminino nos Jogos Panamericanos Rio 2007. A fantástica jogadora americana Matee Ajavon disseminou as pobres brasileiras, agora a pouco, marcando 24 pontos nos últimos dois períodos da disputa da medalha de ouro. Africana de origem (nasceu na Libéria), Ajavon praticou volei, golf e atletismo antes de se transformar na armadora da equipe do Rutgers College (clique aqui para informações detalhadas). Merece aplauso, pois sua contribuição para a conquista não foi só em números, mas também na realização de cestas em momentos decisivos, exatamente quando os grandes nomes se diferenciam dos jogadores comuns.

FATOR PSICOLÓGICO

Sempre me chamou a atenção, nas derrotas da seleção feminina de basquete do Brasil, o fator psicológico. Excetuado o período de maturidade da geração Paula e Hortência, quando conquistamos o Pan de 1991 em Havana e o Mundial de 1994, nossa seleção sempre mostra um basquete de bom nível técnico, mas de psicológico fraquíssimo.

É verdade que o fator psicológico está intimamente ligado com a boa preparação, entrosamento do grupo e conhecimento tático das jogadoras. Mas, no Brasil, o que parece é que falta às jogadoras atitude e capacidade de suportar e recuperar-se em momentos adversos. Assim foi no Mundial 2006 realizado aqui no Brasil, em que perdemos para a Austrália nas semifinais. E, agora, na final contra os E.E.U.U., na final do Pan. Fizemos uma ótima partida, demonstrando um nível técnico, no mínimo, equivalente ao das jovens americanas. Mas, no último período, nos minutos finais, as meninas voltaram a demonstrar total descontrole psicológico para se manter dentro do jogo.

É preciso trabalhar essa vertente para brigar por vaga no pódio em Pequim 2008.

segunda-feira, julho 23, 2007

BLUES NA VEIA


Comemorando 20 anos de carreira, o Blues Etílicos está em turnê para divulgação de seu último CD, "Viva Muddy Watters", em que prestam um tributo ao mestre do blues e grande inspirador da banda. No show de ontem, em Porto Alegre, que tive o prazer de conferir com minha namorada, no Salão de Atos da UFRGS, Flavio Guimarães mostrou que está em grande fase, com um arsenal de notas quase infinito em sua gaita; Otávio Rocha, irriquieto, não parou um momento sequer de tirar 'slides' da guitarra e Greg Wilson manteve a platéia sempre ativa no vocal impecável.

A evolução dos Etílicos, desde os tempos do Disco Salamandra (na foto aí ao lado) é notável. O Blues Etílicos está aí para provar que não é só o vinho que melhora com o passar do tempo.

domingo, julho 22, 2007

RIVALIDADES

Há muita gente que critica e, sempre que possível, tenta diminuir a importância dos Jogos Panamericanos. Mas quando as competições começam a esquentar, não há como deixar de se envolver com as rivalidades nas quadras, pistas, piscinas e tatames.

A disputa do ouro no handebol (veja só hein, handebol, esporte que acho um bocato chato) explicitou que entre Brasil e Argentina nunca há troca de gentilezas. Derrotados inapelavelmente pela seleção canarinho, pela segunda vez, pois em Santo Domingo/2003 também lhes tiramos o ouro, os hermanos não se contiveram e partiram para a violência, tentando apatifar nossa festa. No final, vencemos os argentinos tanto no feminino como no masculino, 2x0 no handebol.

Já nos tatames a rivalidade é com os cubanos. Brasil x Cuba no judô é clássico! O domingo foi sensacional, com disputas dentro e fora do tatame. Depois da decisão do juiz Juan Calas de punir a brasileira Erika Miranda por falsa entrada, no golden point contra a cubana Espinosa, houve confusão e pancadaria na Arena Multiuso. O gaúcho Joao Derly, antes de bater o equatoriano Ibañez e ficar com o ouro, precisou eliminar o cubano Yordanis Arencibia, numa luta histórica, decidida apenas no golden point. Antes, Daniele Polzin havia perdido a final da categoria até 48 kg por hippon para a cubana Bermoy. Enfim, muita rivalidade.

Nas quadras já tínhamos assistido à derrota das meninas do volei para as cubanas na disputa do ouro. E hoje, temos pela frente as cubanas nas sefiminais do basquete feminino. Os Jogos Panamericanos exacerbam essas rivalidades e, sem dúvida, são um ótimo panorama de como estão nossos atletas para as Olimpiadas 2008, em Pequim.

sexta-feira, julho 20, 2007

GURIZADA DE FÉ


Em tempos de PAN, nossa gurizada está fazendo bonito no Mundial de Basquete Sub-19, na Sérvia. Hoje conquistamos nossa vaga para as semifinais derrotando a invicta seleção australiana por 72x71, em partida eletrizante, que foi decidida nos últimos segundos a favor de nossa equipe. Os destaques do jogo foram o ala Betinho (23 pontos) e o pivô Paulão (15 pontos), mas, sem dúvida, o grande destaque da vitória foi o lance do armador Cauê, que anotou a cesta decisiva da partida a 1 segundo da buzina final (na foto).

Ah! Melhor de tudo: os hermanos arrentinos foram massacrados pelos americanos por 127x74. Nosso adversário nas semifinais sairá do confronto entre Sérvia x Turquia.

Leia Matéria do Estadão

Leia Matéria do Globo

EDINANCI

Essa a medalha de ouro que mais me orgulhou até agora. Um ouro merecido, conquistado por uma grande vencedora. Natural de Souza, na Paraíba, Edinanci é daquelas desportistas oriundas das periferias, que lutou no berço pela sobrevivência. No começo da carreira teve, inclusive, de provar sua feminilidade (veja matéria). Pois passando por tudo isso e sempre conservando a humildade, Edinanci sagrou-se hoje Bi-Campeã Panamericana (leia matéria). Essa vale ouro!

MELHOR DO MUNDO

Impressionante o que joga MARTA, craque da seleção brasileira feminina de futebol. Eleita melhor do mundo em 2006, acabou de dar um show na vitória do Brasil sobre o Canadá por 6x0. Marcou gols de tudo que é jeito, driblando a goleira, chutando pelo meio das pernas, trombrando com duas zagueiras/armário do Canadá. Impressionante!

IMPRENSA

No dia da tragédia do voo 3054 da TAM, acompanhei atentamente os noticiários e me deparei com um verdadeiro massacre dos jornalistas de plantão ao Governo Federal. Sustentaram, em verdadeiro pré-julgamento, quase em sua unanimidade, que a causa da tragédia era a pista do aeroporto de Congonhas e, especialmente, a ausência nesta de um componente denominado “groovin” (ranhuras destinadas ao melhor escoamento da água). Pois agora, menos de 3 dias após o acidente, a verdade vem à tona: a causa do acidente foram problemas mecânicos na aeronave, mais especificamente defeitos no reversor de turbina, equipamento fundamental ao pouso. A imprensa nacional precisa ter mais cuidado com os pré-julgamentos!

quinta-feira, julho 19, 2007

1, 2, 3...


O Corinthians é freguês. Com uma atuação muito boa e convincente, o Internacional bateu o Corinthians no Gigante da Beira-Rio. Apesar de jogarmos com 3 zagueiros e 3 volantes, estivemos sempre no comando da partida e o adversário não ameaçou jamais. Iarley teve ótima atuação, jogando pela faixa esquerda do campo. Mas o destaque, que valeu o preço do ingresso, sem dúvida, foi a atuação de Alexandre Pato. O guri tava endiabrado, marcou 2 gols; o primeiro cobrando penalty com perfeição e o segundo num chute primoroso de fora da área (observem o chute de Pato e vejam que ele é sempre um tiro certeiro e muito rápido). Além dos gols, Pato protagonizou um lance espetacular no qual tirou a bola do arqueiro rival, num lance de velocidade e oportunismo e, de virada, com a perna esquerda, quase marcou o que seria um dos gols mais bonitos da história do Gigante da Beira Rio.

segunda-feira, julho 16, 2007

GASTRONÔMICA

Ontem revisitei uma grande pedida portoalegrense. Cantina Dal Padrino, na zona sul, ao lado do Restaurante Bolonha. Provolone e Mafiosa (beringela com calabresa forte) em massa fina, numa pizza que vale a pena conferir. Tudo regado a uma boa garrafa de Boscatto safra 2004.

sexta-feira, julho 13, 2007

COMO EU SUSPEITAVA...

A contratação de Magrão para formar o meio campo do Internacional estava ligada a venda de Edinho. Foi o que apontei em minha última coluna CLÁSSICO. Pois a suspeita se confirma: Zero Hora publicou hoje notícia de que a negociação de Edinho com o CSKA Moscou (time em que atuam Daniel Carvalho e Vagner Love e que tem Paulo Paixão como preparador físico) está praticamente concretizada. O Inter terá direito a 51% do valor da negociação, por ser o detentor desta fração do passe do atleta, o restante pertence ao Barreiras, pequeno clube do subúrbio do Rio de Janeiro. Aguardem, pois, a partir de agosto, uma meia cancha com Magrão, Wellington Monteiro, Guiñazu e Alex.

C ROTH

Pediu demissão no Vasco da Gama, mas a diretoria (Euricão) não aceitou.
Esse é um fenômeno do futebol. Nunca ganhou mais do que gauchão e uma Copa Sul. Sempre inicia bons trabalhos, mas entrega o cargo em situação periclitante. Quase rebaixou o Internacional para a Segunda Divisão (ainda deu tempo para o bombeiro Claudião apagar o fogo!). Alguém poderia me dar um motivo sequer para contratar C. Roth como treinador de seu time.

terça-feira, julho 10, 2007

PERDA


Como é difícil perder uma pessoa. Hoje acordei com a notícia da morte de um amigo, e senti a mais forte das dores novamente. Instantaneamente, lembrei do último telefonema, da última vez em que ouvi sua voz e aquele sorriso debochado inconfundível. Pensei no churrasco que vínhamos planejando e que, agora, virou só um plano impossível; dos dias em que matamos aula nos tempos da faculdade para tomar mate e comer bergamota, ao sol, na praça; nos bons momentos que tivemos naquele final de semana em que fui visitá-lo em Florianópolis, quando pude conhecer melhor sua esposa e sua filha recém nascida; das várias noites em que, entre tragos, aprendemos tanto desta vida. O Boêmio, apelido mais do que perfeito, já não está mais aqui, mas ficará sempre vivo em nossos encontros...


segunda-feira, julho 09, 2007

ANGÜERAS



Sexta-feira assisti ao show do Grupo Angueras, o conjunto mais antigo em atividade. Desde 1962 o grupo apresenta a cultura tradicionalista pelos palcos. No show "Um Comício de Espíritos", Os Angueras receberam convidados especiais destacados como Mário Barbará, Yamandu Costa e Renato Borghetti. Há tempos que eu não presenciava um evento musical tão bom; um dos destaques da noite foi o encontro de Yamandu no violão com a gaita de Borghetinho. No final, todos os músicos cantaram e tocaram reunidos. Baita show!

sexta-feira, julho 06, 2007

ESFORÇO


O esporte, realmente, é mágico e nos propicia momentos ainda mais fascinantes. Estou aqui em casa assistindo ao Grand Prix de Atletismo de Paris. As provas todas encerradas, de pista e campo, e apenas uma atleta no foco das atenções. A russa Yelena Isinbayeva, recordista mundial no salto com vara, com a marca de 5 metros e 1 centímetro, está monopolizando todas as atenções do estádio e do mundo, via transmissão, na tentativa de melhorar, vejam só, em 1 centímetro sua marca. É notável o esforço da atleta; a tomada de câmera revela uma expressão de foco total e, por trás dessa expressão, consigo sentir toda a dedicação, a rotina diária de esforço, a obstinação pela marca. O esporte é fantástico, faz com que a vida tenha sentido.


Que venha o Pan do Rio de Janeiro, com várias e várias manhãs, tardes e noites de esporte.

quarta-feira, julho 04, 2007

COLUNA CLÁSSICO


"Eles (os treinadores) tentam me enganar, mas não sou bobo. Quando eles vêem com o milho eu já estou voltando com o fubá. Gallo repetiu hoje, contra o São Paulo, o que muitos já fizeram por aqui (Tio Janjão fez, Lori fez, Muricy fez, Abel fez...). 5-3-2, com 2 volantes brucutus (Edinho e Magal – bah!), e os 3 zagueiros atuando em linha. Uma novela chata, que não gostaria de estar vendo novamente."
E por aí me vou, no tradicional ato de polemizar a respeito deste CLASSICO que minha vida movimenta e atormenta.
Saudações rubras.

RACISMO

"Sobre o racismo entre nós, depoimento do sábio francês Augusto Saint-Hilaire no Diário de sua "Voyage `a Rio Grande do Sul": Pelotas, 11 de setembro de 1820 - Nas charqueadas os negros são tratados com muito rigor. O senhor Chaves e´ considerado um dos charqueadores mais humanos; no entanto, ele e sua mulher só falam a seus escravos com extrema severidade, e esses parecem tremer diante dos seus patroes. Há sempre na sala um negrinho de 10 a 12 anos, que permanece de pé, pronto a ir chamar os outros escravos, a oferecer um copo de água e a prestar pequenos serviços caseiros. Não conheço criatura mais infeliz do que essa criança. Não se assenta, não sorri, jamais se diverte, passa a vida tristemente apoiado à parede e frequentemente é martirizado pelos filhos do patrão. Quando anoitece, o sono o domina e, quando não há ninguém na sala, põe-se de joelhos para poder dormir..."

Coluna do Flavio Alcaraz Gomes, no Jornal Correio do Povo, p. 4, 3.julho.2007.

terça-feira, julho 03, 2007

SÍMBOLOS


QUE BELEZA!

A Governadora Yeda enviando projeto de Fundos Previdenciários à Assembléia Legislativa. O Presidente Luís Inácio LULA da Silva declarando o fim da submissão às regras norte-americanas. Robinho marcando três gols pela seleção.

domingo, julho 01, 2007

"INVENCIONISSE"

Olha tchê, foi horrível pegar toda aquela friaca, aguentar o vento gelado soprando em minha cara, suportar as terríveis alterações do Gallo (tirou o Roger que estava bem e me veio com o mercenário do Cristian, justamente quando a equipe se achava e exatamente no momento em que marcáramos o gol de empate). Mas te digo, para consolo, saí do estádio, mais uma vez, sem perder para o Atlético Mineiro. Aliás, eu não me recordo de ter sido derrotado pelo Galo Mineiro dentro do Beira-Rio. E a lembrança mais remota que tenho é de um Inter x Atlético do início da década de 80, acho que 85 ou 86, em que terminei o jogo na descidinha da rampa de acesso à geral, secando cobrança de escanteio deles e com mais uma vitória no currículo. Dessa vez não deu, a "invencionisse" do Gallo não permitiu mais uma vitória.