sábado, agosto 02, 2008

FORÇAS

Saí de casa, uma dupla de éguas pastava ali em frente. Fortes, muito fortes. Olhei para o lado: a vovozinha, que não via há algum tempo, caminhava, amparada por uma dama de companhia, a passos lentos e arrastados. É nessas horas que se percebe o transcurso do tempo, pensei. Fiquei ali inerte por alguns minutos, a observar. As éguas saíram, robustas e fortes, para um lado; cada passo fazia o chão tremer. A vovózinha e sua companheira foram para o outro. Os passos lentos se multiplicavam, num arrastar compassado de pés – que realmente não tinham sequer força para sair do chão; não mais do que cinqüenta metros, até a esquina, num esforço quase sobre-humano. No retorno, a perna esquerda já não conseguia esticar por completo e, entre paradas para descanso, observei que ela me olhava sorrindo. Virei o rosto e as éguas desapareciam, longe, no horizonte.

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