quarta-feira, maio 07, 2008

GRAU DE INVESTIMENTO

Na semana passada o Brasil alcançou o Grau de Investimento pela agência Standart & Poors. Bueno, e aí, no que isso vai melhorar a vida dos brasileiros ? Quase nada, respondo, ao contrário das eufôricas notícias até agora veiculadas nas diversas mídias.

Diversos países menos considerados, como por exemplo Trinidad e Tobago, já contam com tal 'honraria' e não deixaram sua posição secundária no atlas global em virtude da mesma. É claro que sempre é bom obter um reconhecimento internacional deste porte, mas, é preciso ter os pés no chão, nosso país não se encontra preparado para ingressar no seleto grupo de países desenvolvidos, como as notícias dão a entender.

Primeiro porque o gasto público só tem crescido, desde a posse de Guido Mantega no Ministério da Fazenda (o Tesouro abriu as torneiras, depois da saída do contido Palocci, distribuindo cortesias aqui e acolá, com nítidos contornos e interesses eleitorais). Somado a isso, a alta carga tributária segue desestimulando investimentos em nosso setor produtivo (e não há sinais de que o projeto de mini-reforma entregue ao Congresso possa modificar este panorama).

De outra parte, nossa infra-estrutura, tanto física como humana, não está preparada para receber investimentos vultuosos. Fisicamente, não temos estradas, e muito menos ferrovias e hidrovias, capazes de escoar a produção com custos atrativos; nos falta recursos energéticos e mínimas crises com a da Bolívia já servem de ameaça ao parque industrial de diversos setores. Do ponto de vista humano, nossa mão-de-obra, além de cara e onerosa em comparação a outros países como Índia, China e Coréia, não está tecnicamente preparada para suprir a demanda. Há desemprego, mas os desempregados, majoritariamente, entram nas fileiras da mão-de-obra bruta. Faltam técnicos. Para se ter uma idéia, enquanto Índia e Coréia vão formar 300.000 e 40.000 engenheiros, respectivamente, no Brasil a estimativa é de aproximadamente 30.000 (número inexpressivo se comparado à proporção com a população coreana). Enfim, estamos atrasados tanto em investimentos na área de infra-estrutura como de educação.

Por tudo isso, e muito mais, dificilmente o dinheiro que chegará do exterior (essa é a única certeza decorrente do grau de investimento) aportará no setor produtivo, desencadeando riquesas e novos postos de trabalho para o país. O mais provável é que os milhões dos fundos de pensões multinacionais venham para engordar ainda mais a ciranda financeira, tornando ainda mais altas nossas taxas de juros (e caro o nosso crédito). O avanço de mais de 10% da bolsa de valores, com o volume de negócios na Bovespa quase dobrando, nesta primeira semana, já é uma perfeita demonstração disso.

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