terça-feira, maio 27, 2008

BARBEIROS

Resolvi acordar cedo. Era tão cedo que fiz o mate, liguei a televisão e estava passando o Galpão Criolo. Para variar o Borguetinho se proseando! Depois entrou o programa rural, uma reportagem bem interessante sobre o cultivo de oliveiras aqui no Rio Grande, para a produção de azeite de oliva – diz que nossas azeitonas produzem um azeite de ótima qualidade, vejam só.

E por aí fiquei curtindo as primeiras horas da manhã e mateando. De repente entra o Pavão Bueno num discurso emocionado-padronizado, enaltecendo a vitória do sobrinho do Ayrton Senna no GP de Fôrmula 2 em Mônaco. Grand Prix de Mônaco, baita programa para um domingo de manhã. Há quantos anos não acordo para ver uma corrida; desde os tempos em que torcia para o Nelson Piquet (simpatia dos tempos da Brabham e daquela corrida em que ele desceu do carro e esmurrou o colombiano Guerreiro que o havia atrapalhado numa curva). Pois é, bons tempos em que os pilotos realmente pilotavam.

Tchê!, fiquei impressionado com a tal de corrida de Mônaco. O nível de “barbeiragem” dos caras é de constranger o espectador. Vou te contar, o cara que acorda todo domingo para prestigiar o espetáculo de “manetices” protagonizado por Nelsinhos, Rubinhos e Felipinhos é de corar as bochechas até do mais neófito dos motoristas. Sinceramente, fiquei impressionado. Não houve sequer uma ultrapassagem durante toda a corrida; e isso que os “pilotos” ficaram ali por duas longas horas, debaixo de chuva, e depois de sol, e novamente de chuva. Houve horas que cochilei, mas, é claro, sempre fui acordado pelos gritos entusiasmados do Pavão Bueno. Num deles, bradava o Pavão, porque o Rubinho empilhava voltas mais rápidas no circuito de rua. Não deu outra, beijo no muro na sequência. Quem não sabia? No começo da prova, o inglês Hamilton, o menos pior deles, bateu num “guard rail”. Críticas do Pavão! Em seguida, no mesmo local, o Felipinho Massa passou por cima da zebra, fez o carro rodopiar na pista e voltou, perdendo posições. Elogios do Pavão à perícia do audaz piloto brasileiro. Mais algumas voltas e o finlandês, companheiro de equipe do F. Massa, saiu na mesma curva. E aí o Pavão, de pronto, brindou-nos com uma detalhada explicação da maior habilidade do brasileiro na “barberagem”. Tchê!, é demais!

E assim transcorreu a manhã, com um bando de “barbeiro”, excepcionalmente bem remunerado, correndo debaixo de chuva, atropelando zebras, beijando muros e fazendo as maiores barbaridades com carros multi-equipados e multi-controlados por recursos da mais moderna tecnologia. Eu fiquei impressionado com o baixo nível da Fôrmula 1. Ah!, o Nelsinho Piquet (caiu longe do pé esse aí), pechou o carro duas voltas depois de entrar nos boxes e trocar pneu. O Pavão botou a culpa na equipe, alegando que colocaram pneus impróprios para as condições climáticas (pode ser, mas o Alonso, companheiro de equipe, terminou a prova com os mesmos pneus!). E o vencedor da prova foi o menos pior, o inglês que o Pavão tentou desmoralizar. O Massa, com todas as barbeiragens, tava em segundo, mas na última curva derrapou e cedeu a posição para um polonês (vejam só!), tal de Kubicka.

Vou te contar!, nunca mais...

25.maio.2008

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