quarta-feira, novembro 25, 2009

AMORES: MATILDA

TE AMO

Amante, tea mo e me amas e te amo:
são curtos os dias, os meses, a chuva, os trens,
são altas as casas, as arvores, e somos mais altos:
aproxima-se na areia a espuma que te quer beijar:
transmigram as aves dos arquipélagos
e crescem no meu coração tuas raízes de trigo.

Não há dúvida, amor meu, que a tempestade de setembro
Caiu com seu ferro oxidado sobre tua cabeça
e quando, entre ventanias de espinhos te vi caminhando
indefesa,
peguei tua viola de âmbar e fiquei ao teu lado,
sentindo que eu não podia cantar sem tua boca,
que eu morria se não me olhavas chorando na chuva.

Por que os quebrantos de amor na margem do rio,
por que a cantata que em pleno crepúsculo ardia em minha
sombra,
por que se fecharam em ti, “chillaneja” fragrante,
e restituíram o dom e o aroma que precisava
meu terno gasto em tantas batalhas de inverno ? (Neruda)

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