A vitória sobre o Paraná viria, essa era a única certeza que os quase 50 mil Colorados que se dirigiram ao Beira-Rio tinham. E não poderia ser diferente. Esse grupo de jogadores já demonstrou que força, determinação e garra estão entre suas principais características. Assim foi durante os jogos decisivos da Libertadores 2006, na final contra o São Paulo, naquele segundo semestre fantástico de 2006, em que não tiramos o título dos paulistas por destalhes, numa campanha em que cada partida se transformava numa final antecipada; foi assim no Japão, quando a vitória sobre os egípcios foi suada e aguerrida, aonde conquistamos o mais alto galardão vencendo o decantado melhor time do mundo à época, o super Barcelona (que até hoje não se recuperou do golpe!). Foi assim
No caminho para o Estádio a sensação era de estar indo para uma grande batalha. Quase três horas antes do jogo, ingressei numa Av. Borges de Medeiros abarrotada de carros tingidos de vermelho. Algumas vezes, todos buzinavam juntos, criando um ambiente de motivação total. Num desses tantos momentos, lembrei de quando era guri e me dirigia ao Beira-Rio com meus primos, meados dos anos 80 (saudosos!)... Era um Inter x Fluminense pelo Nacional. Ao entrarmos na Mauá, há mais de
E ali estava eu, trancado na Borges, sorrindo, cercado da atmosfera de uma grande vitória Colorada, três horas antes da partida começar. Em frente ao hotel aonde a equipe estava concentrada, buzinaço, muito buzinaço, e um bando de Colorado pulando, pessoas com bandeiras em 60% das janelas. Nem o mais louco e ausente dos indivíduos estaria indiferente ao cenário. O trânsito fluiu lento, ao som da rádio Guaíba (sempre!), com algumas zapeadas para a Band, que também realiza ótima cobertura do ambiente no pátio do Beira-Rio e concentração. Cheguei ao estádio cerca de vinte minutos depois; casa cheia, milhares de Colorados perambulando pelo pátio do Gigante, todos com o sorriso confiante e com palavras de motivação. Fui ao Celeiro de Ases comer uma ‘a la minuta’. O dia transcorrera de forma tão rápida que não tivera sequer tempo de almoçar. Sentei-me à mesa e coloquei os fones de ouvido e ali permaneci durante hora acompanhando o transitar frenético da torcida, o ingressos dos ônibus do Internacional, primeiro, e, depois, do Paraná Clube. Quinze minutos para o começo do jogo. Hora de entrar.
Já no primeiro lance da partida, Jonas sobe para disputar bola rifada e cai sem conseguir apoiar o corpo, de costas. Lesão grave, ambulância, clima de apreensão (o Paraná, de forma sorrateira, prosseguiu a jogada e quase marcou – mas o árbitro já indicava que o jogo estava parado). No lance seguinte, Jonas retirado de campo, o Paraná anoto o primeiro gol da noite. Reação instantânea da torcida: “oooooooooooooo, VAMO VAMO INTER!”, muito alto, desde o começo, mas cada vez mais alto, até que o time deu a saída no meio campo e foi para o ataque. Depois da partida, os jogadores confessariam que este teria sido o momento fundamental da vitória (confesso que também pensei isso, ao entoar o meu “VAMO VAMO INTER!”.
Daí por diante só consigo lembrar que não gostava das propostas táticas de Abel, mas procurava abstraí-las e me dedicar a torcer, como um torcedor semi-leigo em futebol, apaixonado apenas, sem senso crítico. Sidnei entrou no time, ficamos com quatro zagueiros de ofício, mas nem isso tirou minha vontade de torcer, alucinadamente, pela vitória. Andrezinho começou a queimar minha língua com o nosso primeiro gol. Índio e Andrezinho, novamente, marcávamos 3x1 ainda no primeiro tempo e, no intervalo, ninguém se atreveria a dizer, ali dentro do Beira-Rio, que não acreditava. Só faltava um gol. Piffero deu entrevista dizendo que o Internacional precisaria ter tranqüilidade, que só faltava um gol. Abelão subiu as escadas e deu entrevistas, tirei os fones do ouvido e fiquei apenas olhando e pensando no Abel motivador, no Abel homem de vestiário, no Abel que nos dera a eterna alegria do gNAL do século.
Daí cortei para o meio campo e a segunda etapa tinha início. Complicada. O Inter insistia em não jogar pelos flancos, mesmo com o campo repleto de espaços, causados pelas expulsões de dois jogadores inimigos e de Sidnei. Mas eu não queria pensar em táticas ou sistemas. Vamo lá Internacional! Bola na área, Magrão amortece e pega um voleio cruzado espetacular. Que golaço! Delírio total nas arquibancadas. Estava morta a coruja, o Paraná não se atreveria a estragar nossa festa. E veio ainda a arrancada mortal de Nilmar, a bola jogada na frente para o lance de velocidade, o “encontrão” do limitado zagueiro, dentro da área, penalidade máxima. Fernandão converteu em “gran finale”.
Na saída, no tradicional folclore do pátio, encontrei várias figuras, conversa vai e conversa vem, mas nenhuma mereceu tanto destaque como o velho amigo Raul, colega de segundo grau, com seu filho. Duas sensacionais velho conviva, o guri fez sua estréia no Beira-Rio, um dia inesquecível, sem dúvida; esse piá nunca mais vai esquecer, que baita pai o Raul. Porque, como disse, sabiamente, o Raul: “quem veio veio, quem não veio não veio e não terá essa história para contar”.
DÁ-LHE COLORADO!
Clemer; Índio (Titi), Orozco e Marcão; Bustos, Magrão, Jonas (Sidnei), Ji-Paraná (Adriano) e Andrezinho; Fernandão e Nilmar. Abel Braga. Internacional, obrigado por colocar mais essa história em minha vida!
Porto Alegre, 23 abril de 2008 – Inter 5x1 Paraná.
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