Depois que a chuva se foi o dia ganhou vida. Fui à Arroio dos Ratos justificar o voto: o ato definitivo de desgosto. Antes fizera alguns consertos na tela, para evitar novas investidas da Kaya pelos pátios da vizinhança; examinara o nível da água na Sapucaia (abaixo do recomendável para variar!); ligara o rádio em busca de notícias do mundo (só se falava da cobertura da eleição – o que antecipou meu desligamento). Sete quilômetros até Arroio dos Ratos. A cidade estava devidamente deserta, como recomenda um domingo não-festivo e precedido de mais de 24 horas de chuvas incessantes. Afora um tipo curioso, numa semi pilcha, estaqueado na calçada, e dois “cholos” que bebiam um trago num boteco, o trajeto pela avenida principal foi monótono até chegar à Câmara de Vereadores. E ali no centro político, do executivo, legislativo e da estátua do carvoeiro, justifiquei meu voto; minha omissão ali comprovada, sem qualquer justificativa a ser informada ao servidor eleitoral. Apenas minha consciente certeza de que a distância da humanidade seria o único remédio para a derrota de minhas convicções.
escrita em 27.outubro.2008.
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