quinta-feira, setembro 29, 2016

O Golpe é mais forte do que se pensava


O manifesto contra o “autoritarismo jurídico”, assinado por intelectuais de várias áreas, não vai sair nem em canto de página dos jornais impressos. Nem na versão online. Jornais não querem saber de manifestos.

O que o próprio manifesto revela é que mais uma denúncia dos exageros das instituições, que têm atuado politicamente sempre contra os mesmos alvos, talvez não resulte em nada.

Porque só seus autores e outros poucos se rebelam, mesmo que em manifestos, contra a ação seletiva da Polícia Federal, do Ministério Público e do Judiciário. O país vai sendo anestesiado pelo golpe.

Paulo Sergio Pinheiro, Wanderley Guilherme dos Santos, José Miguel Wisnik, Saturnino Braga, Alfredo Bosi, Frei Beto, Jurandir Freire Costa, Bresser Pereira e outros serão ouvidos por nós, por quem agora me lê e pelos que pensam como eles.

Os que apoiam o golpe, o show do Ministério Público, as regras da masmorra de Curitiba e o “legalismo” do juiz Sergio Moro não querem saber de manifestos. Eles querem levar o golpe adiante.

A sensação geral é de que até manifestos perderam força e sentido no ambiente do fascismo institucionalizado versão século 21. Fazer o quê?

Talvez agir nas nossas rotinas, além do retórico, e criar impasses que quebrem silêncios e mesmices no espaço de trabalho, na atividade de cada um. Imagino o dia em que tivermos gestos fortes, além de palavras.

O dia em que um grupo puxará uma universidade inteira para uma tarde de reflexão sobre o golpe. Parar as universidades por uma tarde. Será que param?

Imagino também a tarde em que alguns terão o peito de pedir que uma redação de jornal pare. Por uma ou duas horas. E que a redação discuta o golpe, os exageros das instituições e a contaminação das próprias redações pelo golpismo.. Será que param?

Ah, o tempo em que uma redação parava. Se uma redação não para, o que pode ser parado? Se intelectuais largam notas, mas a maioria dos colegas está resignada com o golpe, fazer o quê?

Param por salários, por melhores condições de trabalho, mas não param por ideias?

Talvez o país já esteja aceitando a República de Curitiba e a República do Jaburu, com Padilha, Moreira Franco, Serra, Geddel e esse estranho ministro da Justiça como parte da nossa normalidade.

Falta algo mais do que manifestos. O golpe é mais forte do que se pensava, ou todos nós somos mais fracos até do que eles pensavam que fôssemos.

quarta-feira, setembro 28, 2016

Castells e a decadência democrática que vivemos

* Tarso Genro

Os últimos trabalhos e conferências do professor Manuel Castells, cuja síntese brilhante foi apresentada numa conferência em Lisboa (05.12.15), com o título que pode ser traduzido (tenho o texto somente em inglês) como “A respeito da nova democracia na idade da informação: pensando o impensável”, tratam da erosão do modelo institucional da democracia representativa e da falência dos partidos como mecanismos de intervenção política dos representados. É a época em que as informações e diálogos, lutas e acordos em rede, tonaram envelhecidos os mecanismos tradicionais de disputa política da democracia moderna.


Estes trabalhos tratam da crise dos sistemas políticos na democracia social, que transitam de um projeto humanista de coesão social mínima – dentro do capitalismo – para uma espécie de barbárie fundada na xenofobia, na intolerância e no “apharteid” social, também dentro do capitalismo, mas já na decadência democrática. Este “trânsito”, é óbvio, se reflete de forma diferente em cada país de democracia política, de acordo com a suas peculiaridades sociais e econômicas.


Numa entrevista publicada em 2015, no âmbito de uma das edições do “Fronteiras do Pensamento”, o professor Castells fez uma síntese lapidar desta crise: “…os movimentos em rede são de um novo tipo e se formam a partir de ideologias diferentes e com diferentes motivações. São um sintoma da crise da democracia atual, dominadas por partidos a serviços deles mesmos e não dos cidadãos, eleições controladas por dinheiro e por meios de comunicação, corrupção sistêmica de todos os partidos políticos em quase todos os países. Se houvesse vontade de participação política e democrática por parte das elites, a comunicação em rede oferece enormes possibilidades de incrementar a participação cidadã, ao invés de reduzir a democracia a um voto midiatizado a cada quatro anos.”


Este processo de decadência, apontado por Castells, atinge, em maior ou menor grau, todas as formações políticas, mas gera armas políticas fulminantes, quando uma parte destas formações (a mais corrupta e comprometida do que qualquer outra) com apoio ostensivo do oligopólio da mídia, torna-se dona das versões e do poder. E assim o instrumentaliza, de um lado, para eliminar os traços positivos de democracia social, que estavam em consolidação e, de outro, para salvaguardar os seus, das investigações criminais e dos próprios processos contra a corrupção.


Reforçar o domínio e limitar a democracia – segundo Castells – é a resposta que os estados, como o Brasil e Espanha, estão dando – com a utilização de formas agressivas de controle da formação da opinião – aproveitando o fato de que os cidadãos “querem a democracia, mas não essa”. Daí, para o esvaziamento planejado do Estado de Direito Democrático tradicional, através da “exceção” – como se vê no Brasil – é um passo bastante fácil, instrumentalizando os políticos sem princípios de vários partidos, para realizar um “ajuste”, não para melhorar as instituições ou reformar o sistema político. É o que ocorre, por diferentes formas e canais, tanto no Brasil como na Espanha.


Para compreender o que ocorre em nosso país, devemos lembrar que as declarações do atual ministro da Justiça, que antecederam a prisão desnecessária e arbitrária do ex-ministro Palocci, não podem ser desconectadas do que disse, recentemente, o juiz Moro, numa Conferência proferida aqui no nosso Estado. Ali ele afirmou com todas as letras que, para situações excepcionais de combate à corrupção, é necessária certa dose de excepcionalidade, para que o Poder Judiciário possa cumprir a sua “missão.” A “exceção” – na versão fascista da teoria do direito – se legitima a si mesma, como juízo do poder político, pois este é o “Magistrado da exceção”, como dizia Carl Schmitt. É ela, a exceção, que cria a suas próprias normas em “movimento”, ou seja, sem a obediência às responsabilidades dos Poderes, conferidos formalmente pela Constituição.


O engano, porém, que estes processos de exceção geram no senso comum, é dramático: faz as pessoas menos avisadas acreditarem que eles são utilizados, efetivamente, para combaterem a corrupção, quando, na verdade fazem isso apenas de forma parcial e seletiva: ela – a exceção – é sempre baseada num juízo político, logo sempre tens fins e objetivos políticos. Moro tem razão quando diz que “medidas excepcionais” são usadas para combater “situações excepcionais de corrupção”, mas a sua razão é incompleta, pois a exceção – como saída política de uma crise – pode ser manipulada, tanto para punir alguns corruptos, como para proteger ou salvar outros, bem como para manter perseguidos outros tantos, segundo o interesse do Juízo da exceção. É o que ocorre no país.


Os processos de exceção sempre ocorrem em momentos de decadência de um sistema político, mas, quando esta decadência se combina com uma unanimidade férrea dos meios de comunicação, articulados para varrerem das relações democráticas toda uma comunidade política – indeterminada, mas legitimada como parte do contencioso democrático – o que temos é um novo tipo de fascismo em andamento. Seu desfecho, às vezes, até mesmo foge da vontade dos seus protagonistas, mas ele pode, um dia, encontrar qualquer um na próxima esquina: a violência e a irracionalidade de processos deste tipo, quando consolidadas como comportamento “normalizado” na sociedade, não são seletivas. Foi o que ocorreu, na Argentina, de exceção em exceção – depois da volta de Perón – quando a selvageria das armas enterrou o que restava de democracia, como convívio civilizado dos contrários.

terça-feira, setembro 27, 2016

VERGONHA!



Justiça anula julgamento dos 74 policiais condenados por massacre do Carandiru

Policiais foram julgados em cinco tribunais de júri diferentes entre 2013 e 2014. Ministério Público pode recorrer da decisão. O episódio, em 1992, deixou 111 detentos mortos.






Com a decisão, por dois votos a um, os julgamentos terão de ser refeitos, o que pode levar décadas. Os processos foram abertos em 1992, ano em que ocorreu o massacre, e já tramita há mais de 20 anos. A última condenação ocorreu em 2014. A decisão usou como base as absolvições de três policiais militares, que já haviam ocorrido.

Os 74 PMs absolvidos nesta terça já haviam sido julgados em outros cinco tribunais, e foram condenados, em todos os processos, a penas que variavam de 48 anos a mais de 600 anos de prisão.


RELEMBRE O CASO


Durante uma rebelião, a Polícia Militar invadiu o Complexo do Carandiru e matou 111 presos. Todos os policiais saíram ilesos. A invasão foi comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães, que chegou a ser condenado por 600 anos de prisão. No entanto, em fevereiro de 2006, o TJ-SP reformou a decisão e o absolveu. Ubiratan Guimarães acabou morto, com um tiro na barriga, em seu apartamento, em São Paulo.

A casa de detenção foi desativada em 2002 e demolida. Atualmente, o local abriga um parque.

via Radio CBN

segunda-feira, setembro 26, 2016

JARED MELL X BANKS 2



For the third volume of Banks' Introducing Mr. Jared Mell series, they followed him to the warm Balinese barrels where he takes us to some of his local breaks on his favorite shapes.

via Liquid Salt

sexta-feira, setembro 16, 2016

Banks





Banks Journal is pleased to release the first in a series of shorts that introduce our fellow Banks Comrades. Volume 1 introduces Jared Mell, a southern California native who now spends his days in Balinese waters. He documents his life through a camera lens and interprets the waves through boards of all shapes and sizes.

Via Liquid Salt