Secretaria do Esporte realiza prova com premiação em vales compras para andantes e R$ 0,00 para categoria paraolímpica e, para completar, constrói palco sem acessibilidade
VEXAME é a melhor palavra para definir o que a Secretaria de Esportes do Município de Porto Alegre fez no último domingo em Porto Alegre. O que era para ser uma corrida comemorativa ao aniversário da Capital se transformou em palco de discriminação e violação aos direitos das pessoas com deficiência.
Os corredores da RS PARADESPORTO Carlos Roberto Oliveira e Altemir Luis Oliveira venceram a prova e anotaram ótimos tempos. Mas, infelizmente, o fato que merece destaque na prova é negativo e lamentável.
Mesmo depois de advertido por 2 ofícios encaminhados por nossa Associação, o Sr. Edgar Meurer, Secretário de Esportes, seguiu firme na sua convicção de que não há discriminação em REALIZAR uma prova com premiação em vales compras para os corredores andantes e sem premiação similar aos corredores da categoria paraolímpica.
E, para piorar a situação, o Sr. Edgar comandou a construção de um palco para a cerimônia de entrega de medalhas e troféus sem acessibilidade. O descaso submeteu os vencedores da categoria paraolímpica à humilhante condição de receber seu prêmio abaixo do palco.
Indagado a respeito, o Sr. Secretário Edgar Meurer se desculpou e disse que foi um "erro" de sua parte a não construção de um palco acessível. Porém, desculpas já não satisfazem mais a comunidade e, especialmente, as pessoas com deficiência.
O momento da premiação dos cadeirantes foi constrangedor. Chamados pela organização, os cadeirantes tiveram, primeiro, que vencer o degrau do meio fio da calçada e depois se submeter ao constrangimento de ser premiado abaixo do palco.
Os atletas da RS Paradesporto optaram por não se submeter ao constrangimento. Enquanto o Secretário teve coragem de sacar fotos com o 3o colocado da prova, Carlão se retirou em meio à cerimônia (fotos abaixo).
Enquanto Secretário Edgar Meurer premia 3o colocado da prova, o vencedor, Carlos Roberto de Oliveira, se retira da cerimônia, em protesto
Já o vice campeão da prova, Altemir Luis de Oliveira (o Gringo), também atleta da RS Paradesporto, se negou a receber a premiação ao saber que o palco não tinha acessibilidade.
Luiz Portinho, Presidente da RS Paradesporto, declarou que não deixará o caso transitar em julgado e que lutará até o fim para que a Prefeitura de Porto Alegre corrija a grave falha e JAMAIS repita os fatos.
- O que vimos hoje foi repudiável. Os corredores em cadeira de rodas foram desconsiderados e tiveram seus direitos violados de forma muito grave. Em qualquer lugar sério, um Secretário de Estado que fizesse o que o Sr. Edgar Meurer fez seria demitido, afirmou Portinho.
O Vice Presidente da RS Paradesporto, Ronaldo Germano, que correu a prova, também mostrou desapontamento com a situação.
- Não é possível que um Secretário desrespeite assim as pessoas com deficiência. Já era um absurdo a questão da premiação diferenciada. E o palco sem acessibilidade só confirmou o que já estava mais do que evidente, a Secretaria de Esportes não queria que os corredores em cadeira de rodas participassem da prova.
O fato positivo foi o protesto realizado pelo movimento paraolímpico, que contou com a adesão maciça da população que compareceu ao Gasômetro no ensolarado domingo. Com 100% de adesão, o povo demonstrou solidariedade aos corredores paraolímpicos (foto abaixo)
O que tinha tudo para ser um domingo de sol e festa, se transformou em desrespeito e violação de direitos. A partir de agora a RS Paradesporto tomara providências para reparar os prejuízos causados aos corredores e para impedir que os fatos vivenciados no último domingo se repitam.
O Presidente Luiz Portinho informou que o caso já foi entregue ao departamento jurídico que deverá, em breve, propor ações judiciais em nome dos corredores prejudicados. Portinho também declarou que confeccionará um dossiê e o encaminhará diretamente ao gabinete do Sr. José Fortunati, Prefeito de Porto Alegre, solicitando esclarecimentos e providências.
Entenda melhor o caso:
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