quarta-feira, outubro 06, 2010

MATE NA PRAÇA

acordo, desço
a luz do dia
com suas mesmas
primeiras impressões
.
cruzo convivas
as primeiras peleias
futebol, política, ideologias
a vida que se repete
em torno de embates
mundos, garantias, alegrias
objetos
de tantas negociações
sobre as quais
não se pode conciliar
.
atravesso ruas
poderiam ser rios
de pedras disformes
com pontes cambaleantes
busco a sombra
da vultosa Figueira
.
um casal discute
outro passeia
mãos entrelaçadas
levando seu cachorrinho
rumo às necessidades
ali mesmo
no sagrado piso
da praça
observo tudo
debaixo da Figueira
.
enormes caminhões
embargam o cenário
para manobrar
suas essenciais cargas
o sabiá
tranquilamente postado
sobre fortes galhos
desfia seu canto
garis jogam futebol
num intervalo
de prolongamento
da infância
.
ela surge
inadjetivável
faz tudo parar
no caminho de ida
acelera pensamento
divagações, expectativas e angústias
tudo termina
em segundos
de exuberância total
no caminho de volta
.
mas ainda me resta
um pouco d'água
para brincar
com o tempo
ou lavar a cuia
e arrecadar os apetrechos...

Nenhum comentário: