Ouvi e li sobre o retorno de Clemer ao gol do Internacional. Lá se foi a única coisa que me animava no Colorado nos últimos tempos (ter Renan - goleiro campeão mundial sub-20 - comandando o arco e a defesa). Sob o pretexto da experiência, lá vem Clemer novamente a nos atormentar. Tá brabo de ser Colorado nestes dias.
quarta-feira, maio 30, 2007
quinta-feira, maio 17, 2007
ESCREVO
Porque conheci alguém. Morena, cabelo escuro, liso e comprido, meiga, olhos grandes e negros, cheios de expressão, boca carnuda da qual não consigo tirar os olhos quando conversamos. As vezes usa óculos, geralmente de salto alto, para disfarçar a baixa estatura. Uma guria, nova e na maioria das vezes imatura, como a idade recomenda, embora se diga 'uma velha'.
LPortinho, 13.out.2005.
NUMA CURVA
UMA MURALHA DE FOLHAS VERDES...
UMA RAJADA DE VENTO...
UM RAIO DE SOL DE FINAL DE TARDE...
E O PENSAMENTO VOANDO LONGE...
LPortinho, 21.jan.2006.
UMA RAJADA DE VENTO...
UM RAIO DE SOL DE FINAL DE TARDE...
E O PENSAMENTO VOANDO LONGE...
LPortinho, 21.jan.2006.
BONÉ E BERMUDA
17 horas e 15 minutos. Cheguei no Mercado Público. Tinha marcado com o Gringo e o Paulinho às 18 horas, para ir ao jogo do Internacional em Canoa, contra a Ulbra. Fui até o mesanino, em frente ao Pacífico. O garçom demorou uns minutos para vir à mesa. Perguntei pelas cervejas:
- Temos Polar, Brahma Extra...
- A Polar tá gelada ?
- Bah, tá uma maravilha.
- Polar então!
Fiquei pensando se ligava ou não para a Mônica. Ela devia estar saindo do trabalho. Fiquei pensando. Chegou a cerveja. De fato, estupidamente gelada. A garrafa estava com o véu de noiva. O primeiro gole desceu mais redondo do que nunca. Liguei para Mônica. Atendeu e a ligação caiu. Tentei novamente. Tocou uma vez e caixa de mensagens. Peguei o livro do Bukowski - "A Menina Mais Linda da Cidade" (sugestivo para ocasião) - e comecei a folhear, procurando alguma crônica ainda não lida. Cia direto naquele que ele sai do presídio e encontra Maggie, que havia deixado o carro para conserto num pilantra; clássica história do Buko.
Na mesa da frente um casal aparentava mal estar. Ela me olhava frequentemente enquanto eu procurava um texto. Ele com cara de poucos amigos. Chamaram uma cerveja, brahma (não aparentava estar gelada). Tomei outro gole de minha cerveja, agora com mais prazer. Baixaram uns papéis na mesa (pareciam contas), o que só piorou o clima. Beberam a cerveja entre poucas palavras, levantaram e foram embora.
Folheei e encontreu um texto que nunca tinha lido, ou talvez não me recordasse mais. Fiquei lendo. O telefone tocou, já eram 17 horas e 40 minutos. Mônica de um orelhão. Disse que já estava indo embora, na parada de ônibus. Chamei-a.
- Tá legal. Mas aonde no Mercado ?
- No mesanino, em frente ao Pacífico.
- Tá, tô chegando aí.
Segui na leitura entre goles de Polar. Chegaram duas gordas que sentaram à minha frente, na mesma mesa do casal estressado. Pediram umas 'ruffles' que devoraram como cachorro, cada uma tinha sua lata de refrigerante. De vez em quando a mais gorda delas me olhava. Eu disfarçava atenção total ao livro. Terminei a segunda crônica, baixei o livro na mesa e fiquei pensando. A essa altura, já havia muita gente na volta, tinha perdido a noção, tamanha a atenção que dedicava à leitura das insólitas histórias do Buko. Avistei a Mônica. Sorrindo.
Chegou, me beijou no rosto e sentou à minha frente, bem próximo, quase ignorando a mesa. Aquilo foi bom. Perguntei se queria um copo. Pediu um suco, mas o garçom acabou trazendo água sem gás, porque 'a laranja não estava muito boa'. Chamei outra cerveja.
Por que demorou tanto ?
Tu acha ?
A hã...
Sei lá, tava longe...
Eu me sentia extremamente bem, tranquilo, a vontade. Todos na volta olhavam (bando de xeretas!). Ao mesmo tempo, me sentia um pouco intimidado. Ela me contou várias coisas, sobre a viagem do pai com as tias (que indiarada), a Vanessa e seu namorado e toda a família na praia, que era algo que ela estava indisposta a encarar. Acho que é isso que me atrai na Mônica, ficar ouvindo-a contar coisas, entre sorrisos metálicos.
- Tem uma coisa no teu olho, eu disse.
- Aonde ? (já esfregando o olho esquerdo).
- Não, é do outro lado (tentei tirar, mas não consegui).
- Aí, aonde ? (agora esfregando o olho direito).
- Para, tu não vai conseguir, só com espelho.
- Será que tem banheiro aqui ? Quero tirar isso! (esfregando o olho).
- Tá, esquece!
- Aí, não consigo (esfregando o olho com mais força).
- Saiu!
- Mentira tua (ainda esfregando o olho).
- Saiu sim!
- Eu sei que não saiu, depois eu tiro na frente do espelho (sorrindo).
Nossa, eu acho que estou gostando dessa guria, pensei. Ela é interessante, cativante. Ficamos conversando sem parar, como sempre. Como será o silêncio com ela ? Tomei a cerveja e fui ao banheiro. No caminho avistei o Gringo e o Paulinho, ancorados lá embaixo, bem na passagem entre a sorveteria e a casa de umbanda. Típica dupla de aleijados, ancorados na passagem. Quando voltei do banheiro, os dois já estavam ali em cima.
- Nós te vimos lá de baixo, só uma roda de cadeira, imaginei que era tu (disse o Paulinho).
- E aí, qual é a situação ? (indagou o Gringo).
- Tamo aí. Chega aí que estou com uma amiga.
Fomos até a mesa, apresentei-os. O Paulinho, para variar, ficou mais de canto, quase atrás de mim. Conversamos mais um pouco, o Gringo tinha um papel do compressor que comprou dos Estados Unidos na mão. Falou das polêmicas da Receita Federal para liberar os impostos de importação. A Mônica na dela, só ouvindo, de vez em quando perguntava alguma coisa. Ficamos ali uns 10 minutos, eu e Gringo baixamos outra Polar. Os aleijados desceram para fazer um rango na padaria. Terminei a cerveja e saímos. A Mônica foi ao banheiro. Fiquei esperando e pensando um monte de bobagens. Viajei um pouco.
- Consegui tirar! (veio sorrindo e segurou carinhosamente nos meus ombros).
Tremi. Saímos conversando. Pegamos o elevador. Encontramos os aleijados e saímos do Mercado. Ela me deu um beijo rápido (no rosto, muito perto da boca), bem mais carinhoso do que aquela da chegada; com a mão no meu rosto (provocante) e pediu para que eu ligasse se estivesse aí no final de semana.
Fomos para Ulbra e assistimos ao Internacional ser derrotado por 1x0.
LPortinho, Porto Alegre, 27.jan.2006 a respeito de fatos ocorridos em 25.jan.2006.
A RESPEITO DE...
Encontrei o Ronaldo no Centro ontem. Muito engraçado. Voltava do almoço, pela Andradas, completamente sem nada para fazer (esses são os melhores momentos da vida, quando não se tem absolutamente nada para fazer ou pensar). Lá pelas tantas ele disse que conversou com o Gringo e os dois chegaram à conclusão de que eu talvez um dia fosse para Guaíba e ficasse por lá sozinho e que entraria em depressão e me mataria.
Não pude deixar de achar engraçada a teoria. Primeiro pela criatividade da dupla. Mas, de fato, muito engraçado. Ouvindo um blues, bebendo e me suicidando. Isso só comprovaria a teoria do suicida (quando bati o Fiat Uno o pai de um amigo falou para outro amigo que eu era um suicida em potencial). Falta do que pensar, falta do que falar, falta do que fazer, só pode ser isso. O Gringo e o Ronaldo se encontraram, falaram um monte de besteiras e chegaram a esta conclusão, assim como deve ter chegado a este ponto 'o criador da teoria do suicida'. Engraçada, se não fosse a meu respeito!
LPortinho, 2005.
ARROZ DE CHAPA
Tudo que se põe na chapa
de alguma forma levanta fumaça
com tempero, pimenta e chalaça
a coisa toma jeito e fica guapa
Pués ontem tasqueei una gajina,
com cebola, pimentão e um dente de alho
observei a coisa com goles de trago
até sentir o cheiro de tudo misturado
Deitei o arroz e misturei água,
num mesmo ato levantei a brasa em fogo
e por ali fiquei a traguear
E no fervilhar da água,
em meio à fumaça e ao tempo
aguardei o cozinhar do arroz
tragueando e charlando noite adentro.
LPortinho, ago/2004.
de alguma forma levanta fumaça
com tempero, pimenta e chalaça
a coisa toma jeito e fica guapa
Pués ontem tasqueei una gajina,
com cebola, pimentão e um dente de alho
observei a coisa com goles de trago
até sentir o cheiro de tudo misturado
Deitei o arroz e misturei água,
num mesmo ato levantei a brasa em fogo
e por ali fiquei a traguear
E no fervilhar da água,
em meio à fumaça e ao tempo
aguardei o cozinhar do arroz
tragueando e charlando noite adentro.
LPortinho, ago/2004.
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