"I'm looking through you, where did you go? / I thought I knew you, what did I know? / You don't look different, but you have changed / I'm looking through you, you're not the same / Your lips are moving, I cannot hear / Your voice is soothing, but the words aren't clear / You don't sound different, I've learned the game / I'm looking through you, you're not the same / Why, tell me why, did you not treat me right? / Love has a nasty habit of disappearing overnight" (Lennon & McCartney)
sexta-feira, fevereiro 23, 2007
PRAZER
“Tenemos que reaprender lo que es gozar. Estamos tan desorientados que creemos que gozar es ir de compras. Un lujo verdadero es un encuentro humano, un momento de silencio ante la creacion, el gozo de una obra de arte o de un trabajo bien hecho. Gozos verdaderos son aquellos que embargan el alma de gratitud y nos predisponen al amor” (Ernesto Sabato)
ONE ART
"The art of losing isn't hard to master;
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
---Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster."
-- Elizabeth Bishop
so many things seem filled with the intent
to be lost that their loss is no disaster.
Lose something every day. Accept the fluster
of lost door keys, the hour badly spent.
The art of losing isn't hard to master.
Then practice losing farther, losing faster:
places, and names, and where it was you meant
to travel. None of these will bring disaster.
I lost my mother's watch. And look! my last, or
next-to-last, of three loved houses went.
The art of losing isn't hard to master.
I lost two cities, lovely ones. And, vaster,
some realms I owned, two rivers, a continent.
I miss them, but it wasn't a disaster.
---Even losing you (the joking voice, a gesture
I love) I shan't have lied. It's evident
the art of losing's not too hard to master
though it may look like (Write it!) like disaster."
-- Elizabeth Bishop
quarta-feira, fevereiro 21, 2007
BUKOWSKI II
"and as my grey hands
drop a last desperate pen
in some cheap room
they will find me there
and never know
my name
my meaning
nor the treasure
of my escape"
drop a last desperate pen
in some cheap room
they will find me there
and never know
my name
my meaning
nor the treasure
of my escape"
PLENOS PODERES
"A quem não ouve, nesta sexta, o mar
pela manhã, a quem dentro de alguma
casa, escritório, fábrica ou mulher,
ou rua, ou mina, ou seco calabouço:
a este eu ajudo e sem falar nem ver
chego e escancaro a porta da clausura
e um sem-fim vago se ouve na insistência,
um longo trovão roto se encadeia
ao peso do planeta e da espuma,
roncos surgem os rios do oceano,
vibra veloz em sua roseira a estrela
e o mar palpita, morre e continua.
pela manhã, a quem dentro de alguma
casa, escritório, fábrica ou mulher,
ou rua, ou mina, ou seco calabouço:
a este eu ajudo e sem falar nem ver
chego e escancaro a porta da clausura
e um sem-fim vago se ouve na insistência,
um longo trovão roto se encadeia
ao peso do planeta e da espuma,
roncos surgem os rios do oceano,
vibra veloz em sua roseira a estrela
e o mar palpita, morre e continua.
Assim pelo destino conduzido
devo sem trégua ouvir e conversar
o lamento marinho na consciência,
devo sentir o golpe da água dura
e recolhê-lo numa taça eterna
tão pura que onde esteja o encarcerado,
onde sofra o castigo do outono
eu esteja presente com uma onda perdida,
e através das janelas eu circule
e quando me escutar levante o olhar
dizendo: como chegarei ao mar ?
E eu transmitirei sem dizer nada,
os ecos estrelados de uma onda,
um quebranto de espuma e de areais,
um sussurro de sal que se retira,
o grito gris do pássaro da costa.
devo sem trégua ouvir e conversar
o lamento marinho na consciência,
devo sentir o golpe da água dura
e recolhê-lo numa taça eterna
tão pura que onde esteja o encarcerado,
onde sofra o castigo do outono
eu esteja presente com uma onda perdida,
e através das janelas eu circule
e quando me escutar levante o olhar
dizendo: como chegarei ao mar ?
E eu transmitirei sem dizer nada,
os ecos estrelados de uma onda,
um quebranto de espuma e de areais,
um sussurro de sal que se retira,
o grito gris do pássaro da costa.
E assim, por mim, a liberdade e o mar
responderão ao coração escuro."
responderão ao coração escuro."
PABLO NERUDA, "Plenos Poderes", Buenos Aires, Losada, 1962
IMPERADOR DO SAMBA
Seria muita pretensão se considerar um Imperador do Samba, mas naquela quarta-feira a noite me senti diferente. A coisa é contagiante, tudo encarnado à volta, os títulos marcados na parede da quadra de ensaio revelam tradição para poucos. A bateria é ensurdecedora, fiquei com zumbidos no ouvido por dois ou três dias. È demais, contagia, não dá para ficar parado. Entra a bateria, vem as passistas, ótimas, mulatas fantástica, perfeitas, que rebolam e sambam com maestria. A passista vinha à nossa frente e ficava rebolando e baixando até o chão, enlouquecendo-nos com sua beleza e desenvoltura. O passista era um negão picareta, todo de branco, com passinhos rápidos e malandriando os pés, fazendo trejeitos de reverência à passista. Ela no tipo esnobe soltava os quadris e deixava a rapaziada babando. E as baianas davam show, todas na casa dos 50 ou 60, com uma expressão de alegria no olhar comovente, revelando todo o esforço e paixão dedicados à Escola.
Que orgulho em dizer que eu sou da Imperadores do Samba!
LPortinho, 14.fev.2004.
PRIMEIRAS HORAS
Sentei no bar e pedi uma taça de café com leite e uma torrada de queijo. Crash! Uma batida de carros logo em frente, na esquina. Para variar um taxista em alta velocidade, dessa vez até com a razão, porque o outro carro avançara a preferencial. De toda forma, quando vi o taxi atravessado calçada a dentro não pude evitar de pensar na parcela de culpa daquele motorista, certamente motivado pela corriqueira imprudência que tanto caracteriza os taxistas. O que mais chamou minha atenção, no entanto, foi uma senhora que passava pela cena com um cachorrinho puddle na coleira e acenava para as duas placas de "pare" colocadas uma em cada lado da rua e bradava: "e olha que tem duas placas hein!", olhando fixamente para a motorista do carro que avançara a preferencial, a essas alturas já na calçada para se justificar com o motorista do taxi. Em frente ao bar já se reuniam o garçom, o chaveiro, o manobrista do estacionamento e um tiozinho de chinelo e meias que deve ser morador da vizinhança, cada qual fazendo o seu comentário a respeito do episódio. A senhora do bar alertou que diariamente ocorrem freiadas bruscas e que não era o primeiro sinistro. Sorvi um gole de café e pensei a respeito desse instintivo ato de o ser humano se posicionar diante dos fatos; achei interessante aquilo, por mais caótico que esteja este mundo, as pessoas não deixam de expor suas opiniões e demonstrar raciocínios muito coerentes. Dessas primeiras horas, fiquei com a impressão de que quando se acorda cedo a vida acontece perto - os ambulantes arrumando seus estantes na Praça da Alfândega; pessoas indo e vindo na Rua da Praia, com pressa para cumprir suas rotinas; ônibus que chegam e saem das paradas sem pausa; os primeiros raios de sol do dia refletindo nos prédios antigos do Centro. Tudo muito vivo e intenso!
LPortinho, Porto Alegre, 3.junho.2006.
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