- Está por aí ainda Seu Adão ?
- De saída.
- Pois é, já são 8 horas.
- É, o Mercado já fechou. Quando ele fecha eu fico só mais um pouco e já vou saindo. No Natal não, no Natal tem de ficar até mais tarde.
- Seu Adão, a sua banca não era ali no canteiro ?
- Era, tu te lembra, fiquei ali uns 12 anos. Agora estou aqui faz uns 8 anos.
Tu sabe como é que eu comecei nessa de vender fruta ? Eu tinha meus 20 e poucos anos, montei uma banca de frutas ali na Avenida do Trabalhador com a Baltazar, bem ali no meio daquele cruzamento que hoje é movimentado. Fiquei trabalhando ali por quatro anos. Não tinha movimento.
Naquele tempo a Ceasa ficava ali na Praia de Belas. Não sei se tu te lembra disso, não deve se lembrar. Pois era ali, na Praia de Belas. Eu pegava a carroça e ia de lá até a Praia de Belas, era longe, passava por Petrópolis, contornava o Morro Santana. Era longe demais.
Saia às 9 da manhã e voltava lá pelas 5 da tarde, com a carroça cheia de fruta e verdura e abastecia minha banca. Trabalhava até tarde, todo dia, e de lá tinha de ir para Alvorada, aonde morava minha mãe. Quando saia antes da meia noite pegava um ônibus e deixava a carroça por lá, mas quando saia tarde ia de carroça mesmo. Era uma “cansera danada”. No outro dia voltava cedo para trabalhar.
Mas a minha esperança é que diziam que aquela estrada do Porto Seco ia ser aberta e que ia sair lá no Humaitá; aí o movimento ia crescer. Mas nunca saiu, hoje saiu, mas naquela época eu só ficava na esperança. Trabalhei quatro anos nessa esperança, nessa “cansera danada” e acabei surtando. Fui parar no São Pedro.
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