Nuvens escuras apontaram no horizonte,
primeiro no sul,
depois, em rápido movimento,
cercaram o sol, a casa
e, em minutos, tomaram conta do céu.
A natureza inteira se alvoroça.
O Ingá, os eucaliptos, o robusto pinheiro,
dançam ao sabor do vento,
a cada rajada expelem odores
e coreografam a paisagem.
Trovões e raios.
Pássaros agitados
cruzam o espaço,
as vezes em vôos razantes,
ouço cânticos e gorjeios,
soam como sinfonia;
até o galo brada forte,
denunciando a repentina mudança.
Por breves segundos,
tudo para.
Não há cheiros, vôos ou sons,
somente o ar pesado
e a certeza do que se aproxima.
Os primeiros pingos
deitam sobre a terra quente,
sinto o indescritível odor abafado,
quase posso vê-lo
a se desprender do chão.
Despenca água,
não se ouve mais nada
além da força da chuva.
Para onde foram os pássaros ?
E o vento para onde foi ?
As árvores já não dançam,
agora quedam inertes
sujeitando-se às vontades da chuva.
O universo está paralisado,
nada se movimenta,
a não ser a cachoeira d´água;
são minutos de monopólio total.
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