O Brasil estreou com medalhas e conquistas em Londres. E com decepções. O ginasta carioca Hypólito e a seleção brasileira feminina foram derrotados por um adversário bastante conhecido: a cabeça. Como acontecera em Pequim, Hypólito caiu ao tentar uma acrobacia em sua apresentação no solo. E repetiu exatamente o mesmo discurso de Pequim, pedindo desculpas por sua falha. A seleção de basquete jogou bem nos três primeiros períodos contra a França e sucumbiu nos 10 minutos finais, anotando míseros 4 pontos contra 16 das francesas (exatamente a diferença final do placar).
A falta de estrutura emocional sempre foi o grande problema do basquete feminino brasileiro. Mesmo nos tempos de "Magic" Paula, Branca, Hortência e Marta perdíamos pela falta de concentração e poder mental de enfrentar os momentos essenciais dos confrontos. Esse parece ser o mesmo problema de nossos ginastas, que, reiteradamente, conquistam resultados expressivos em competições inexpressivas e sucumbem nos eventos de primeiro nível. Daiane também caiu nas finais do solo em Pequim.
Creio que essa falta de estrutura emocional pode ser trabalhada. Um atleta não se forma apenas com aprimoramentos táticos, técnicos e de fundamentos.É preciso trabalhar a parte mental. Colocar o atleta em situações extremas e de responsabilidade, que exijam decisões rápidas e acertadas. Atletas protegidos durante os treinamentos tendem a falhar em momentos decisivos.Aliás, tenho certeza que o sucesso de nossos judocas deve muito ao trabalho psicológico e mental realizado desde as divisões de base da modalidade.
Os gestores e treinadores brasileiros precisam qualificar seu trabalho e desenvolver mecanismos para reparar essa grave falha de nosso esporte. Estamos diante de atletas com técnica e fundamentos invejáveis, mas carentes de suporte mental para enfrentar os grandes desafios e competições.