quarta-feira, janeiro 31, 2007

ALGUNS DIAS

Alguns dias, sem compromissos;
alguns dias, sem relógios;
alguns dias, sem medos;
alguns dias, sem dúvidas...

Alguns dias para acordar e ficar na cama;
alguns dias para conversar;
alguns dias para sorrir;
alguns dias para ser um só...

Alguns dias se foram,
alguns dias vividos,
alguns dias passados,
alguns dias inesquecíveis.

LPortinho, janeiro/2007.

CULTIVOS

A grama germina e cresce como insu.
Verduras e legumes, basta atirar as sementes à terra.
Frutas são mais complicadas, há alguns pés tímidos aqui com ano de vida.
Arbustos levaram mais de dois anos para fechar.
Uma árvore à minha frente com quatro anos começa a fazer boa sombra.
E caminho pelo mundo a perceber que aquelas mais arraigadas levam anos de convivência.
É preciso ter muita paciência na arte do cultivo...

LPortinho, 29/jan/2007,

sábado, janeiro 27, 2007

CRIANÇAS

Sempre chego em casa e as encontro brincando juntas, unidas. As vezes fico obsevando por minutos antes de deixar o carro. De repente, saem todas correndo em direção à praça, gritando e com os braços para o alto; ou ficam reunidas num grupinho fechado, conversando, todos falam alguma coisa sempre. O fato é que estão sempre juntas e unidas, muito felizes.

Um dia a vida lhes separa...

LPortinho, 27.jan.2007.

DIAS CONFUSOS

Ele estava ali parado. Diante da sinaleira, pensando no seu dia, na sua vida recente. Distanciou-se da realidade entre os pensamentos. Regressou com várias buzinas soando. Há dias que não se relacionava com ninguém. Do trabalho para casa, de casa para o bar, cervejas impessoais, do bar para casa, e de casa para outros bares da vida; antes de outro dia de trabalho ou de andanças sem rumo. Seguiu um dos tantos caminhos até sua casa; no caminho pensou em isolar-se em outro canto, em casa poderia ser procurado pelos fantasmas do passado. Não conseguiu pensar em nada melhor que sua casa. Ao chegar notou que o bar já estava fechado, não era tarde, mas havia dias em que a ´igreja´ fechava mais cedo. Saiu do carro lentamente, como que torcendo para que o acaso do tempo lhe trouxesse algo mais interessante que subir para casa e dormir. Recolheu as coisas do banco traseiro, tirou o toca-fitas, desligou o farol, travou a porta, saiu desanimado em direção à porta do prédio. Encontrou um velho conviva e uma vizinha, com sorrisos e um becke fechado. Era o tal acaso do tempo que sempre acontecia nestas situações. Seguiram em direção à praça, acomodaram-se entre as árvores e os balanços. A noite estava tranqüila, céu claro e estrelado, a brisa da beira do rio abrandando o calor escaldante do dia quente de verão. O conviva acendeu o baseado enquanto ele conversava com a vizinha, uma loira, beirando os trinta e muitos, de difícil definição, a não ser pelo evidente maltrato dos percalços de uma vida desregrada e sem rumos. Queimou alguns neurônios, tomou uns goles de cerveja (havia comprado umas latas de Skol no caminho). A conversa não fazia muito sentido, palavras soltas no ar. Sentiu vontade de ficar só de novo.


Guaíba, 3 de marco de 2006, ao som de Tim Maia Racional ("Que beleza") na Rádio Ipanema.

terça-feira, janeiro 23, 2007

ELA NÃO VEIO...

Final de tarde, estou na piscina, acompanhado pelo sol que bate suave. A lua, pela metade, mas de brilho intenso, inicia um curso. Algumas horas depois, o céu repleto de estrelas; todas ali, como sempre as vejo, as Marias, o Cruzeiro, até os satélites. Estou sentado na varanda, com o mate; e, mais uma vez, uma cadeira ficou vazia a meu lado.

LPortinho, Guayba, 23.jan.2007

domingo, janeiro 14, 2007

AGORA TENHO MÚSICA CLÁSSICA...

E agora tenho música clássica. Bukowski, em seus últimos escritos, era puro rancor; expunha as mazelas da humanidade, para depois afirmar que só o que lhe restava era a música clássica. E cá estou eu com ela tomando conta dos meus ouvidos e pensamentos. Nada mau, realmente. Tranqüiliza, esvazia, liberta; o que teriam sentido esses compositores malucos ? O que lhes inspirava ?

LUZES RAIANDO

Mais um dia amanhecendo diante de minha compreensão;
considero-me tão privilegiado nesses momentos!
E não foram poucos, sei que não menos estão por vir.

Festas, sinuca com trago regada a mergulhos na piscina;
madrugadas de amor ou de conversas infindáveis ao ritmo de um blues;
o silêncio do meu apartamento com água e vinho;
o som incessante das ondas do mar,
horas e horas vagando por uma cidade desconhecida;
noites desvendando o novo;
livros, discos, várias folhas transformadas em páginas escritas.

Tudo sempre rumando para um final maravilhosamente idêntico:
O canto dos pássaros substituindo ruídos misteriosos,
a invasão dos primeiros raios de luz,
do cansaço à repentina euforia,
a noite dando lugar ao dia.

A vida sem pausas...

LPortinho, 14.jan.2007, 9h.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

E foi assim...

Um olhar,
Um toque,
Duas palavras...
O mais sincero dos desejos.

Um breve hiato

E num hiato fiquei só. Com um copo de champagne na mão, uma taça de cerveja morna ao lado, completamente só. Fixei o olhar numa direção, em frente, minha mente já não estava mais lá, viajava longe; havia muito barulho e movimento em volta, eu já não estava mais ali... Voltei, ainda com o copo de champagne na mão, intocado, mais distante do que nunca de onde continuava sentado.
LPortinho, Capão da Canoa, 1.janeiro.2007.