quarta-feira, fevereiro 10, 2010

Ponto de Equilíbrio

“bar perto da estação rodoviária, mudou de dono 6 vezes num ano. começou como inferninho de strip-tease. Foi passando de mão em mão, primeiro pra um chinês, depois pra um mexicano, pra um aleijado, ou vice-versa, sei lá, só sei que gostava de ficar lá sentado, olhando o relógio da torre da estação pela porta lateral entreaberta. É um lugar bem razoável – não tem muita mulher pra chatear, apenas um punhado de comedores de mandioca e jogadores de pingue-pongue, que não se metiam comigo. Passavam a maior parte do tempo sentados, assistindo um jogo idiota qualquer pela televisão. Claro que no quarto da gente é melhor, mas anos e anos de bebedeira já demonstraram que o culto da birita sozina, tomada entre quatro paredes, não só liquida com qualquer um como também ajuda ELES a liquidar com a gente. Não há necessidade de propiciar vitórias fáceis. Saber o ponto de equilíbrio exato entre a solidão e a aglomeração aí é que estava o truque, o golpe que a gente precisava usar para não ser internado no hospício.” (Charles Bukowski, do texto "Uma Xota Branca")

5 comentários:

Edmar disse...

Sensacional, Porto. O velho Hank é demais.

Abs.

Edmar disse...

Portinho,

Em qual livro está esse texto? Eu tenho quase todos do Bukowski e não me lembro desse.

Abs.

Luiz Portinho disse...

É o Buko nosso de cada dia Edmar... Esse texto está encartado em Cronicas de Um Amor Louco. A propósito, já viste essa obra prima ? O filme com o Ben Gazarra interpretando o Hank Chinaski... espetacular. um amigo me fez uma cópia, se tu quiser te disponibilizo.

Edmar disse...

Eu vi o filme, gostei. Tenho esse livro, vou reler para encontrar esse trecho.

O Barfly é interessante também você viu? O velho Buk aparece no início num boteco decadente daqueles.

Um abraço.

Luiz Portinho disse...

Sim, inclusive há o livro Holywood no qual o Bukowski relata os anos da producao do Barfly. é interessante o relato dos encontros dele com os produtores e pessoal do mundo do cinema. tem passagens hilárias. aliás, nao sei aonde está meu Holywood, seria interessante reler... bukowski nunca é demais!