domingo, agosto 29, 2010

FANTE's

“Quando acordei, era por volta de meio-dia e elas tinham ido a algum lugar. Peguei a foto de uma velha garota minha chamada Marcella e fomos para o Egito e fizemos amor num barco remade por escravos no Nilo. Bebi vinho em suas sandálias e leite dos seus seios e mandamos os escravos remarem até a margem do rio e eu a alimentei com corações de beija-flor temperados em leite de pomba adocicado. Quando a coisa acabou, eu me senti arrasado. Tive vontade de me bater no nariz, de me nocautear e ficar inconsciente. Queria cortar-me, sentir meus ossos estalando ao se quebrarem. Piquei a foto de Marcella em pedacinhos e me livrei deles e depois fui ao armário de remédios, peguei uma gilete e, antes que me desse conta, retalhei meu braço abaixo do cotovelo, mas não muito fundo, de modo que havia bastante sangue e nenhuma dor. Chupei o talho mas ainda assim não havia nenhuma dor, então peguei um pouco de sal e esfreguei no corte, senti aquilo morder minha carne, doendo e me fazendo sair daquilo e me sentir vivo de novo e esfreguei até que não podia mais agüentar...” (John FANTE – “A Caminho de Los Angeles”)

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