Tudo poderia estar diferente; mas não está. E é bom que não esteja, porque os trilhos continuam aqui ao lado; sigo saltando de um lado para o outro, entre um trem e outro que passa em alta velocidade. As vezes salto para dentro de um que me atrai; por diversas circunstâncias, de tempos em tempos preciso saltar para dentro e viajar, atrás do eterno desejo pelo novo. Viajo por caminhos e tempos indeterminados; viagens intensas, percursos incríveis – voltas e mais voltas ao redor de um e vários mundos. São lugares tão incríveis esses pelos quais passo; indescritíveis e acima de adjetivos conhecidos; impossível narrar o quanto descobri – paisagens brancas, céus avermelhados, lindos vales, rotas rochosas e repletas de curvas, a pele tenra e os macios contornos de corpos esculturais. Mas, cedo ou tarde, chego em estações repletas de bifurcações – trilhos e mais trilhos, por todos os lados e perspectivas. Sinto-me dentro de labirintos. Sei para onde vai o trem, mas nem sempre é este o meu caminho. Não há como ser diferente, o trem precisa seguir e o passageiro não pode ficar para sempre, com seu peso a atrapalhar o percurso. Desço quando convém, porque o ato de descer envolve exatamente a mesma essência de embarcar – atração e desejo. Numa dessas estações ou mesmo no meio a um imenso horizonte despovoado, posso descer, assim como subi, num salto. E quando me dou conta aqui estou perto dos trilhos, brincando de um lado a outro, enquanto espero o próximo trem.
18.julho.2009, ao som de Canned Heat.
18.julho.2009, ao som de Canned Heat.
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