terça-feira, dezembro 01, 2009

ACIDENTE

Tive de parar o carro. Luzes laranjas alertavam à frente. Parecia haver um carro caído do acostamento à direita no horizonte. Desliguei o carro. Fiquei ouvindo a música do rádio. Pessoas começaram a descer dos carros. Vi sombras. E depois algumas cruzaram o meu carro. Alguém soava buzina metros atrás. Custei a acreditar. Mais pessoas começaram a transitar. Dois ou três carregavam motos desligadas. A música tocava, mas já não a ouvia com nitidez. Os barulhos da noite escura desviavam sentidos. Fechei os vidros. As luzes piscantes ficaram ainda mais alaranjadas. Fechei os olhos em busca de silêncio. Alguns curiosos voltavam do passeio. Traziam notícias frescas. As pessoas do carro da frente indagavam-nas a todos os passantes. Conversavam. Observei atentamente o movimento dos lábios e as feições. Ouvia a música. Vi sorrisos. Custei a acreditar. Tentei encontrar o silêncio novamente. A música não parou. Uma ambulância cruzou no sentido oposto depois de quase dez minutos. Os motores voltaram a funcionar. O ônibus iniciou movimento adiante. Liguei o carro. Voltei a andar lentamente. Cruzei o túnel de luzes laranjas. Não olhei para os lados. A música continuava a tocar.

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