Aqui de cima a cidade parece muito mais calma e tranquila. O Shopping Center é apenas mais um dos prédios e a cobrança do estacionamento não passa de matéria do rádio que ouço. Importante mesmo é curtir o brilho intenso de uma manhã ensolarada. Andar pela cidade, sem destino, a observâ-la. Nesses momentos consigo esquecer um pouco da vida; conversar um pouco com as crianças que estão saindo da escola e voltando para suas casas; comprar um saco de bergamotas e comê-lo todo sob o sol; ouvir um Raul Seixas na Ipanema. Hoje estou aqui em Porto Alegre, amanhã não sei aonde estarei. Quero aproveitá-la e tê-la ao máximo; fazer as coisas que alguns não puderam. As vezes tenho vontade de ficar por aqui, vendo a vida passar lá embaixo na mesma velocidade da lancha que cruza o rio. Mas descer é tão necessário quanto subir; é como acordar depois de dormir; viver depois de sonhar; levantar a cada tombo; rir depois de chorar. É preciso continuar sempre. Afinal, o futuro ainda reserva inúmeras manhãs ensolaradas sob o astral de Porto Alegre.
LPortinho, Morro Sta. Tereza, Porto Alegre, 17.jun.1997.
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