segunda-feira, abril 28, 2008

POLITICA I

O caso envolvendo o Governador do Ceará, Cid Gomes, que se utilizou da máquina estatal para realizar viagem à Europa, levando esposa, sogra e amigos-assessores, num jatinho fretado por mais de R$ 380 mil, como diz o jornalista Boris Casói, é uma vergonha. O pior de tudo é ver entrevista do político afirmando que é pessoa de hábitos “mudestos”. É muita cara de pau! Jimo Cupim nele!

POLÍTICA II

Hoje mesmo ouvi no rádio sobre a possibilidade de ser aprovada Emenda Constitucional que autorizará terceiro mandato a Lula. Seria um absurdo! Dez vezes pior do que aquele que autorizou a reeleição, com efeito imediato, para beneficiar Fernando Henrique. Um país que pretende se fazer respeitar não pode alterar suas leis, e muito menos sua Constituição, ao sabor das vontades e anseios do Governante de plantão. Mudar as regras em meio à competição, como se diz no futebol, é “virada de mesa”. E o absurdo não se daria apenas e tão-somente pela autorização de mais um mandato à Lula. A previsão da possibilidade de um Presidente permanecer por três mandatos no cargo, isto é, por doze anos, é uma agressão a pilares dos mais elementares do regime democrático, especialmente os da alternância e da não-perpetuação no poder. Um remendo como este em nossa Constituição, sem dúvida, merece reprimenda nas urnas. Está mais do que na hora de o povo se fazer respeitar!

POLITICA III

Onix Lorenzoni é político que se tornou conhecido não por grandes feitos, mas por sua oposição freqüente ao PT e às esquerdas. Já passou por diversos partidos de direita e hoje defende as cores do DEM. Para quem não lembra, o DEM é o antigo PFL, que é uma dissidência do extinto PDS, que nada mais era do que o sucessor da ARENA, partido responsável por manter os Militares durante quase 3 décadas a frente do poder. Nada a favor, tudo contra; mas o mais surpreendente é ouvir a campanha de Onix, a todo vapor nas rádios, dando conta que o seu jeito de fazer política é o novo, pregando a implantação, aqui no Rio Grande, de programas em andamento em São Paulo, Belo Horizonte e outros rincões. Ora, tenha dó Sr. Onix. Seja sincero e assuma suas posições ideológicas. O seu modo de fazer política não tem nada de novo!

ILHA DESERTA

"That the coletive archetype is getting me down

And you know what I mean

So, if there are any desert island

Please turn on to my.” (Jim Morrison)

quinta-feira, abril 24, 2008

Mais uma história para contar...

A vitória sobre o Paraná viria, essa era a única certeza que os quase 50 mil Colorados que se dirigiram ao Beira-Rio tinham. E não poderia ser diferente. Esse grupo de jogadores já demonstrou que força, determinação e garra estão entre suas principais características. Assim foi durante os jogos decisivos da Libertadores 2006, na final contra o São Paulo, naquele segundo semestre fantástico de 2006, em que não tiramos o título dos paulistas por destalhes, numa campanha em que cada partida se transformava numa final antecipada; foi assim no Japão, quando a vitória sobre os egípcios foi suada e aguerrida, aonde conquistamos o mais alto galardão vencendo o decantado melhor time do mundo à época, o super Barcelona (que até hoje não se recuperou do golpe!). Foi assim em Dubai. Desse grupo tudo poderia se esperar e foi com essa espectativa que a Nação Colorada se dirigiu ao Gigante.

No caminho para o Estádio a sensação era de estar indo para uma grande batalha. Quase três horas antes do jogo, ingressei numa Av. Borges de Medeiros abarrotada de carros tingidos de vermelho. Algumas vezes, todos buzinavam juntos, criando um ambiente de motivação total. Num desses tantos momentos, lembrei de quando era guri e me dirigia ao Beira-Rio com meus primos, meados dos anos 80 (saudosos!)... Era um Inter x Fluminense pelo Nacional. Ao entrarmos na Mauá, há mais de 5 Km do Beira-Rio, deparamo-nos com a avenida abarrotada de viaturas Coloradas. Havia buzinaços frequentes. Corpos para fora, vestidos de vermelho, e com bandeiras sendo agitadas. Lá pelas tantas um dos maiores momentos de minha vida (talvez o que tenha colocado o Colorado acima de tudo em minha vida). O rádio sintonizava a Guaíba e iniciou a tocar o hino do Internacional; começamos a cantar com orgulho, "Glória do desporto nacional, o Internacional, que eu vivo a exaltar!"; olhei para o carro do lado e todos ali também cantavam; olhei para o outro lado e ali também o hino era entoado. Uma sensação impressionante passou por todo meu corpo, coloquei a cabeça para fora da janela e notei que vários Colorados repetiam o gesto, sempre cantando o hino do Colorado, que ressonava pela Mauá pintada de vermelho. Inesquecível!

E ali estava eu, trancado na Borges, sorrindo, cercado da atmosfera de uma grande vitória Colorada, três horas antes da partida começar. Em frente ao hotel aonde a equipe estava concentrada, buzinaço, muito buzinaço, e um bando de Colorado pulando, pessoas com bandeiras em 60% das janelas. Nem o mais louco e ausente dos indivíduos estaria indiferente ao cenário. O trânsito fluiu lento, ao som da rádio Guaíba (sempre!), com algumas zapeadas para a Band, que também realiza ótima cobertura do ambiente no pátio do Beira-Rio e concentração. Cheguei ao estádio cerca de vinte minutos depois; casa cheia, milhares de Colorados perambulando pelo pátio do Gigante, todos com o sorriso confiante e com palavras de motivação. Fui ao Celeiro de Ases comer uma ‘a la minuta’. O dia transcorrera de forma tão rápida que não tivera sequer tempo de almoçar. Sentei-me à mesa e coloquei os fones de ouvido e ali permaneci durante hora acompanhando o transitar frenético da torcida, o ingressos dos ônibus do Internacional, primeiro, e, depois, do Paraná Clube. Quinze minutos para o começo do jogo. Hora de entrar.

Já no primeiro lance da partida, Jonas sobe para disputar bola rifada e cai sem conseguir apoiar o corpo, de costas. Lesão grave, ambulância, clima de apreensão (o Paraná, de forma sorrateira, prosseguiu a jogada e quase marcou – mas o árbitro já indicava que o jogo estava parado). No lance seguinte, Jonas retirado de campo, o Paraná anoto o primeiro gol da noite. Reação instantânea da torcida: “oooooooooooooo, VAMO VAMO INTER!”, muito alto, desde o começo, mas cada vez mais alto, até que o time deu a saída no meio campo e foi para o ataque. Depois da partida, os jogadores confessariam que este teria sido o momento fundamental da vitória (confesso que também pensei isso, ao entoar o meu “VAMO VAMO INTER!”.

Daí por diante só consigo lembrar que não gostava das propostas táticas de Abel, mas procurava abstraí-las e me dedicar a torcer, como um torcedor semi-leigo em futebol, apaixonado apenas, sem senso crítico. Sidnei entrou no time, ficamos com quatro zagueiros de ofício, mas nem isso tirou minha vontade de torcer, alucinadamente, pela vitória. Andrezinho começou a queimar minha língua com o nosso primeiro gol. Índio e Andrezinho, novamente, marcávamos 3x1 ainda no primeiro tempo e, no intervalo, ninguém se atreveria a dizer, ali dentro do Beira-Rio, que não acreditava. Só faltava um gol. Piffero deu entrevista dizendo que o Internacional precisaria ter tranqüilidade, que só faltava um gol. Abelão subiu as escadas e deu entrevistas, tirei os fones do ouvido e fiquei apenas olhando e pensando no Abel motivador, no Abel homem de vestiário, no Abel que nos dera a eterna alegria do gNAL do século.

Daí cortei para o meio campo e a segunda etapa tinha início. Complicada. O Inter insistia em não jogar pelos flancos, mesmo com o campo repleto de espaços, causados pelas expulsões de dois jogadores inimigos e de Sidnei. Mas eu não queria pensar em táticas ou sistemas. Vamo lá Internacional! Bola na área, Magrão amortece e pega um voleio cruzado espetacular. Que golaço! Delírio total nas arquibancadas. Estava morta a coruja, o Paraná não se atreveria a estragar nossa festa. E veio ainda a arrancada mortal de Nilmar, a bola jogada na frente para o lance de velocidade, o “encontrão” do limitado zagueiro, dentro da área, penalidade máxima. Fernandão converteu em “gran finale”.

Na saída, no tradicional folclore do pátio, encontrei várias figuras, conversa vai e conversa vem, mas nenhuma mereceu tanto destaque como o velho amigo Raul, colega de segundo grau, com seu filho. Duas sensacionais velho conviva, o guri fez sua estréia no Beira-Rio, um dia inesquecível, sem dúvida; esse piá nunca mais vai esquecer, que baita pai o Raul. Porque, como disse, sabiamente, o Raul: “quem veio veio, quem não veio não veio e não terá essa história para contar”.

DÁ-LHE COLORADO!


Clemer; Índio (Titi), Orozco e Marcão; Bustos, Magrão, Jonas (Sidnei), Ji-Paraná (Adriano) e Andrezinho; Fernandão e Nilmar. Abel Braga. Internacional, obrigado por colocar mais essa história em minha vida!


Porto Alegre, 23 abril de 2008 – Inter 5x1 Paraná.

quarta-feira, abril 23, 2008

SÓ O QUE FALTAVA

Não bastasse o caos do trânsito, o colapso das chuvas, violência e tudo mais, agora São Paulo também tem terremoto. Não é brincadeira, clique aqui e confira a notícia.

segunda-feira, abril 21, 2008

GIGANTE - 4a feira - 21:45h

O jogo de ontem foi fácil, muito fácil, daqueles sem qualquer ameaça. 2x1 no Caxias e a vaga para a final do Gauchão. Mas não é sobre isso, sobre o futebol, que quero comentar. Quero comentar sobre a torcida, sobre o Gigante avermelhado e barulhento. Sim, porque é disso, fundamentalmente, que vamos precisar na quarta-feira para bater o Paraná Clube do Brasil. Durante o jogo, tentei visualizar, várias vezes, o Gigante, na quarta-feira. E tudo que via dentro de minha mente era vitória. Não pelo futebol da equipe que, confesso, não me agradou e não está me agradando durante esta temporada. Mas a vitória me cutuca, porque a torcida a está chamando e também porque este grupo do Internacional joga muito pela torcida. Desde que se tornaram públicas as imagens dos vestiários japoneses, nada é impossível para este grupo, ainda mais diante da Nação Colorada. Vamos lá! Vamos lá que quarta-feira, mais do que nunca, TODOS OS CAMINHOS LEVARÃO AO BEIRA-RIO.

Sebosos Postizos

Tá vendo o comentário que fiz abaixo sobre o disco "Silêncio no Brooklyn" do mestre Jorge Ben ? Pois é, dois dias depois que o baixei e ouvi, estive na casa da amiga Cyntia e lá fui apresentado a Los Sebosos Postizos, banda-jam integrada por membros do Nação Zumbi. Os caras fizeram um show no SESC Pompéia, em Sampa, tocando integralmente as músicas que compõem o disco de Jorge Ben; show este que foi gravado e que agora ouço, com muito prazer. Os ritmos e letras incomparáveis de Jorge, agora com a batida forte dos pernambucanos da Nação. Viva o incomparável caldo musical do Brasil. Vida longa a Jorge Ben e à criatividade do músico brasileiro.

quinta-feira, abril 03, 2008

O BIDU


Baixei o disco "O Bidu - Silêncio no Brooklyn" de Jorge Ben. Certamente uma das mais antológicas obras da música contemporânea brasileira. Conhecera num dia em que estava remexendo nos bolachões herdados de meu pai e, devo dizer, foi um dos dias mais felizes e sentimentais de minha vida aquele, ouvindo-o e lembrando do véio em suas poses e gestos mais notórios; dos clássicos domingos de manhã ensolaradas em que acordava e arrastava os pés até a sala para lá sentar ao seu lado e ouvir Jorge, Tim, Elis, Hyldon, Cariocas e tantos outros.

A coisa toda começa com "Amor de Carnaval", uma levada que mistura samba com forró e xote. Em seguida, embalado pela mistura de ritmos do candomblê, regados a muito berimbau, Jorge anuncia, em "Nascimento", a chegada do Príncipe em festa no Congá. "Jovem Samba" é o embrião do samba rock ouvido por todos os lados hoje em dia ("o meu caso é viver bem / com todo mundo e com você também / vamos trabalhar em paz / na paz de Deus / vamos amar em paz / vamos sambar em paz, porque... eu sou da Jovem Samba / a minha linha é de bamba"). "Rosa mais que nada" é samba, claro, tudo é samba em Jorge Ben; mas, entre pianos e levada leve e suave de percursão, ouço a alma do jazz. Depois da declaratória "Canção para uma fá", temos a clássica "Menina Gata Augusta", que se resume pelo refrão "e eu um pobre gatinho / que nunca tem vez / pois fico esperando outro dia chegar / quem sabe a gatinha p´ra mim vai olhar / e o pulo do gato eu vou lhe ensinar".

"Ela é toda colorida / ela é a coisa mais meiga / mas que pena / ela não ser o meu amor / pois só eu sei / que ela não sabe / que ela é minha namoradinha eterna", e por aí vai "Toda Colorida", uma exaltação ao amor eterno, permeada por tudo que há de mais clássico na música de Jorge Ben, tanto em ritmos como em técnicas vocais. O samba, rock e jazz se completam inteiramente, com piano, violão, xilofone, percursões e até palmas, em "Frases" ("há 6000 anos o homem vive feliz fazendo guerra e asneiras / há 6000 anos Deus perde tempo fazendo flores e estrelas" e "eu sou um homem sincero porque nasci e cresci vivendo livre / eu sou um homem sincero que quero morrer, nascer e viver livre" - clássico!). Depois da marcha de carnaval "Quanto mais te vejo", "Vou Andando" retoma os emblemas da raiz do samba rock. "Eu sou da pesada" é uma bossa romântica (é nela que se ouve pela primeira vez Jorge trocando fonemas, ao chamar sua amada de "meu anzo"). A bolacha termina com "Si manda", retomando a levada forró/xote do início e demonstrando, nitidamente, que, na época do vinil, um disco era uma obra completa, com início, meio e fim.

O mais interessante do disco é que ele está perfeitamente inserido no contexto da música de sua época, mas vai muito além do que até então fora feito. A Bossa Nova é idolatrada e funciona sempre de base; porém, contraditoriamente, é transgredida pela inclusão de ritmos nordestinos e africanos e o predomínio do samba.

Salve Jorge!, sempre.

quarta-feira, abril 02, 2008

TIO ANASTÁCIO

Entre a ponte e o lajeado,

na venda do Bonifácio,

conheci o Tio Anastácio,

negro velho, já tordilho.

Diz que mui quebra em potrilho,

hoje pobre, despilchado,

de tirador remendado,

num petiço doradilho.

Quem visse o tio Anastácio,

num bolicho de campanha,

golpeando um trago de canha,

oitavado no balcão,

tinha bem logo a impressão,

que aquele mulato sério,

era o rio grande gaudério,

fugindo da evolução

A tropilha dos invernos

tinha lhe dado estafa.

E aquela meia garrafa dentro,

do cano da bota,

contava a história remota

do negro velho curtido

que os anos tinham vencido

sem diminuir na derrota

Mulato criado guacho,

nos tempos da escravatura,

aquela estranha figura

na vida passara tudo.

Ginetaço macanudo

que desde o primeiro berro

saia trançando o ferro,

no potro mais ´cormilhudo´

Carneava uma res num upa,

com toda arte e perícia,

reservado e sem malícia,

bem quisto na vizinhança,

dava gosto em rodeios,

de pingo alçado no freio,

laçando de toda trança.

Ficou sendo um desses índios

que se encontra nos galpões

e ao redor dos fogões

fala aos moços com paciência

do que aprendeu na existência,

ao longo dos corredores,

alegrias, dissabores,

curtidos pela experiência.

Tio Anastácio p´ra aqui.

Tio Anastácio p´ra lá.

Mandado o mesmo que piá

por aquela redondeza.

Nos remendos da pobreza

entrava e passava inverno:

como um tronco, só no cerne;

pelegueando a natureza

Por isso é que nos bolichos

só se alegrava bebendo;

como se cada remendo da roupa velha gaudéria

fosse uma sangria a sério,

por onde o sangue do pago se esvaísse,

trago a trago,

por ver tamanha miséria.

E até parece mentira,

negro velho de valor,

morreste no corredor,

como um matungo sem dono;

não tendo neste abandono

ao menos um companheiro

que te estendesse o baicheiro

para o derradeiro sono

E agora que estás vivendo na Estância Grande do céu,

engraxando algum soveu,

para o patrão velho buenacho,

não te esquece aqui debaixo,

aonde a lo largo ainda existe tanto xiru velho e triste.

Como tu criado guacho.

Como tu, tio anastácio. (Jayme Caetano Braun)

terça-feira, abril 01, 2008

FERNANDO DE NORONHA














onda de 4 metros na Cacimba do Padre